Venda de crianças, de órgãos e relativização da pedofilia: a plenitude da "moral" liberal
- Movimento Nova Pátria
- 16 de set. de 2020
- 5 min de leitura
O que um jornalista brasileiro anti-stalinista, um pensador liberal “renomado” e a Netflix possuem em comum? Uma moralidade tão concreta quanto o vácuo.

Com a popularização do discurso das liberdades individuais uma semente liberal e potencialmente perigosa foi plantada no seio das “pautas progressistas”. Entre elas, comumente a relativização da pedofilia e da erotização infantil, como recentemente ocorreu com a série 'Cuties' da Netflix que foi amplamente criticada, mas também foi defendida entre figuras da própria “esquerda” sob argumento de que "a maldade está nos olhos de quem vê".
Não é incomum - e não só aqui no Brasil – se deparar com fotos extremamente erotizadas de crianças na internet, muitas vezes postadas de forma despretensiosa pelos próprios pais. Mas, ao alertar as pessoas dos perigos dessa prática recebemos um "se você enxerga sexualidade nisso, o problema está em você!", como se a pedofilia fosse uma realidade distante, e como se não houvessem pedófilos aos montes que utilizam os materiais mais 'inocentes' possíveis relacionados às crianças para fins inconcebíveis às pessoas comuns.
Essa relativização, e a mania de querer transferir a culpa para quem alerta dos perigos, via de regra, vem acompanhada de argumentos tipicamente apologéticos da “liberdade individual” acima de tudo, "não é porque uma criança usa roupa curta que ela mereça ser estuprada"...
Francamente... Como se esse fosse o cerne da questão, quando, evidentemente, não o é!
A questão é que essa adultização precoce facilita o acesso às crianças. Ele, o pedófilo, não precisa nem se esforçar para sexualizar a infância ou encontrar materiais do tipo, por quê tudo isso já está sendo entregue de bandeja para ele.
Mas a pedofilia não é o único problema.
Recentemente veio à tona também, o polêmico caso de um liberal, conhecido apenas em alguns ambientes virtuais, que defende a venda de órgãos como “meio de adquirir dinheiro”. Não que ele seja o único, não o é. Há vários incautos que seguem esse tipo de verme.
Eles se esquecem completamente, ou ignoram propositalmente, que o Brasil é um país formado majoritariamente por pessoas pobres e de trabalhadores de baixa renda (para além dos que sequer tem renda e vivem em situação periclitante).
Legalizar tal bizarrice em nome do mercado e do "aumento da demanda" que "poderia salvar vidas", pondo em risco outras vidas, é uma proposta, para dizer o mínimo, carniceira.
Ironicamente, esses liberais se espantam com quem defenda projetos societários emancipadores, que proponham uma economia planificada ou qualquer mínima justiça social. Eles se assustam com quem proponha uma agenda nacionalista que vise cortar a raiz do subdesenvolvimento e promova uma melhoria ampla na vida da maioria das pessoas.
Para eles isso é algo abominável! Aterrador!
Mas sabe o que não lhes assusta? Que um ser humano se mutile irreversivelmente, perdendo um ou alguns órgãos, em troca de um dinheiro que sequer há garantias de que dure em seus bolsos.
Há ainda aqueles que conseguem ir além, e contrário do que se pensa, não são essas figuras de menor peso, como esse efêmero colunista liberal, mas até teóricos renomados de influentes correntes de pensamento do liberalismo hodierno. Este é Rothbard, que nomeia institutos e correntes talvez tão conhecidas quanto a superestima Escola Austríaca e os Institutos que levam o nome de Ludwig Von Mises.
Entre seus feitos mais conhecidos do famigerado Rothbard está a defesa irredutível de um livre e irrestrito mercado de crianças.
E não há aqui qualquer exagero, na verdade. Dito assim superficialmente ainda é menos chocante do que a defesa da ideia em si.
Baseado na tosca ideia de “autopropriedade”, Rothbard defende sem qualquer pudor que
"Em resumo, temos que nos defrontar com o fato de que a sociedade genuinamente livre terá um próspero livre mercado de crianças”.
Sob pretexto de que na verdade tais mercados já existem, e que o “malvado Estado” cerceia a liberdade do indivíduo, impedindo-o de vender a criança, mas permitindo a "doação" à orfanatos, etc. seria – na cabeça dos lunáticos – quase como afirmar de forma que "se o governo permite dar uma criança, por que não vendê-la?" (??!!)
Uma analogia que poderia facilmente integrar um espetáculo cômico qualquer.
Rothbard ainda faz questão de tratar seres humanos em desenvolvimento, como mero produtos, utilizando termos como "mercado de crianças" para designar agências de adoção, e afirmando que tais agências detém um "monopólio do mercado".
Rothbard afirma ainda que o problema da negligência parental poderia facilmente ser resolvido com esse mercado, e que "os pais poderiam vender seus direitos de guarda das crianças a qualquer um que desejasse comprá-los por um preço acordado reciprocamente".
Ainda segundo Rothbard, o estado é tirânico e intrometido ao dificultar o processo de adoção, ele ignora completamente o perigo que existe em entregar crianças sem critérios extremamente rígidos que nada têm a ver com “oferta e demanda”.
Como se tudo isso não bastasse, há ainda, no mesmo texto, a defesa contundente do “direito da criança fugir de casa” e tentar encontrar outra família, ou tentar “sobreviver por si só”, independente da sua idade, ele conclui que "os pais podem tentar convencer a criança fugitiva a retornar, mas é totalmente inadmissível que eles escravizem e agridam os seus direitos de autopropriedade usando a força para compeli-la a retornar”.
Seguindo essa "lógica" eu, mãe de uma criança de 3 anos, devo permitir que minha pequena filha vá embora de casa buscar outra família, ou tentar "sobreviver por si só" (?!) ainda que corra o risco de encontrar pedófilos, assassinos, traficante de órgãos (ou melhor: vendedor autorizado! segundo o colunista liberal Tripa Advisor).
Minha filha de 3 anos poderia correr esses e outros perigos do ambiente para o qual fugiu, e isso tudo estaria correto e justificado segundo uma lógica ilógica e segundo uma moralidade imoral.
Pegar a criança pelo braço e obriga-la (sim, obrigá-la) a ficar protegida em sua casa, já que ela é incapaz de compreender a complexidade do mundo ao seu redor, seria um ato tirânico, e violaria a ideia de "autopropriedade"...
Para completar o show de bizarrices grotescas, o palerma advoga o direito de deixar uma
criança morrer de fome, mas, segundo ele próprio, isso tudo seria dificultado através de um
amplo mercado de crianças...
Ou seja, você tem o direito de matar seu filho de fome, mas pra evitar que isso aconteça, você pode simplesmente vendê-lo facilmente a qualquer pessoa interessada, e por quê não um pedófilo, ou um vendedor de órgãos?
É injustificável o fenômeno da “moralidade” liberal. Tudo o que há de condenável, putrefato e repugnante é defendido sem o menor constrangimento por aqueles que defendem uma “plenitude do liberalismo”.
Não há nada que possa explicar a aceitação de tal moral (se é que assim podemos chamar), onde deixar que um cão doente morra é liberdade, mas forçá-lo a se remediar-se é tirania.
E assim temos o seguinte cenário:
1) Um streaming de influência global, produz e veicula um filme que, sob o pretexto de supostamente atacar a adultização da infância, justamente expõe crianças em “closes”, ângulos de filmagens e fotografias focados em suas partes íntimas, com abuso de roupas e expressões corporais erotizadas.
2) Para além da normalização do que muitos pedófilos estão adorando, teremos liberais mais radicais que almejam uma normalização de “um mercado de órgãos humanos”, que pode tanto ser usado para mascarar o tráfico ilegal de órgãos quanto para naturalizar que traficantes de órgãos endinheirados chantageiem toda sorte de miseráveis em troca de seus rins.
3) Coroando os dois acima, temos a (i)lógica Rothbardiana que, permitindo um “livre mercado de crianças”, contribuirá tanto com os pedófilos (que podem comprar crianças em tal mercado para “fins sexuais”), quanto contribuirá também com o mercado de órgãos (que terá num mercado de crianças, uma fonte maravilhosa de “matérias-primas” para o seu “produto”).
Esse seria o resultado concreto da aplicação mundana desse “mundo ideal” ultraliberal.
As corruptas e decadentes distopias cyberpunk não seriam nada perto do mundo real derivado de tais ideias torpes. Um mundo em que o interesse egoísta governa sem nenhum contrapeso ético, ou sem nenhuma negação aparente à sociedade da “guerra de todos contra todos” (como o Estado normalmente se propõe a ser). Seria a consumação explícita e aberta de todos os instintos egoístas e psicóticos das desalmadas oligarquias. O projeto humano de desumanidade.
Já chegamos a um patamar de uma guerra. E, nessa guerra, quem se incline a tais aberrações não é um “adversário”, é um inimigo franco e aberto. Como tal, deve ser extirpado.
(Maria Eduarda Kashmir, em nome do Movimento Nova Pátria - Recife).
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