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A ditadura não existiu e Darwin é pura ideologia: general anuncia a “escola sem partido” do Bolsona

A manchete acima resume as novas (velhas) ideias do general que foi encarregado por Bolsonaro de organizar como será a nova Educação em seu eventual governo.

Ao Estadão de hoje, 15/10/18, o general Aléssio Souto deu a entrevista intitulada: “É preciso nova bibliografia para escolas´, diz assessor de Bolsonaro para a Educação”.


A fala do general surpreende a cada parágrafo, misturando coisas que nós não esperávamos mais ouvir na nossa vida, lado a lado com tiradas ideológicas do reino das sombras.


Confira um pouco da entrevista do general Aléssio Souto.


A ideia mestra do general-educador é a de que a escola não pode “mudar a opinião que a criança traz de casa”. E qual deve ser a opinião da escola? Simples, argumenta ele, temos que mudar o currículo para que a escola não tenha direção ideológica, a escola não pode ter ideologia. Não deve, por exemplo, ficar ensinando essa coisa de gênero, sexualidade etc, esses temas são “direito inalienável dos pais”. Ou seja, somente os pais podem opinar sobre essas questões.


Ele vai respondendo às perguntas do entrevistador, começa a falar de Darwin, de tal forma que a ciência, tal como a conhecemos, termina reduzida a pura ideologia.


Senão vejamos. Sobre a evolução das espécies, uma teoria suficientemente fundamentada pela ciência, ele diz que não passa de uma opinião do senhor Darwin. A escola tem que ensinar o criacionismo também, isto é, que o homem foi criado por alguma divindade. Eis o nível cultural dos nossos generais [não, ele não vem do baixo clero: é ex-chefe do Centro Tecnológico do Exército].


Em suas palavras, “cabe citar o criacionismo, o darwinismo, mas não cabe dizer que o criacionismo não existe. Darwin existiu, temos que conhecê-lo, mas não é para concordar com ele, tem que saber que existiu”.


O general quer uma escola “sem mentiras”, que conte “a verdade” [faltou esclarecer: a verdade deles]. Onde o professor que quiser ensinar o criacionismo, que ele tenha essa liberdade. Para o general não existe Estado laico e, pelas suas palavras, conviveria confortavelmente com um Estado teocrático.


Instado a explicar o que é a verdade, ele menciona o exemplo histórico que, no real, é um dos mais caros para esses generais golpistas, a exemplo do general Mourão, vice do Bolsonaro: o golpe de 1964 não existiu.


Em um passe de mágica, nosso educador verde-oliva explica que o que houve ali foi uma guerra, um combate militar entre os que queriam implantar uma “ditadura do proletariado” e os que não aceitavam essa ideia. Pobre João Goulart...


O general explica: golpe é “coisa menor”, o que é preciso explicar, em relação a 64, é que morreram 450 tentando implantar a ditadura do proletariado e outros 117 morreram na trincheira oposta.


A verdade do general é muito curiosa: os tanques de guerra da cúpula das Forças Armadas derrubaram um presidente eleito pelo voto [Jango], rasgaram a Constituição, saíram prendendo, matando, torturando, impondo interventores nos sindicatos, mas se alguém tentar reagir, aí pode ser assassinado pelos golpistas a título de que são soldados de um exército inimigo, tentando implantar sua ditadura.


Ou, de forma mais simples: os generais reacionários desfecharam o golpe militar para implantar uma ditadura militar mas a juventude que reagiu e foi morta por eles, deve morrer sim, porque quer uma ditadura. Alguma coisa aqui não fecha. Alguma coisa aqui é muito ideológica: guarda alguma semelhança com aquela fábula onde o lobo inventa uma desculpa para comer o carneiro.


Ou seja, eu fui preso e torturado sem julgamento porque eu era um soldado em guerra e que fui apanhado pelo lado oposto. Muita imaginação, general. Nós nos defendíamos de uma ditadura implantada por vocês em defesa do grande capital, vassalos e serviçais, ontem como hoje, do imperialismo norte-americano e suas petroleiras.


Todos nós, general, os setentistas, os que resistimos àquela ditadura cívico-militar, exercíamos o mais nobre dos direitos, o de resistir à opressão, à quartelada que visava reprimir e amordaçar a classe trabalhadora para entregar nossa riqueza e nosso país ao imperialismo norte-americano. E hoje, o candidato Bolsonaro só pretende levar essa tarefa até o fim, até o osso e, para isso, pretende legalizar com o voto o golpe em marcha, o mesmo golpismo que manipulou as eleições para que esses generais voltam ao governo, para que Bolsonaro ganhe a todo custo.


O resto é, aí sim, a mais pura ideologia ... da classe dominante. Como essa, agora, de vocês dizerem que tudo que querem é uma “escola sem partido”. “Sem” partido mas que toma o partido das escórias tipo Alexandre Frota, das religiões mais retrógradas, das ideias mais conservadoras e, todas elas pioradas pelo viés militarista, contra direitos democráticos elementares que viemos conquistando a duras penas. Inclusive o mais elementar de uma democracia burguesa, o de votar em quem se quiser.


Mas, cá entre nós, reduzir ciência a ideologia é o fim da picada.


Igualar darwinismo com criacionismo! Charles Darwin com Edir Macedo! Dizer que a lei da evolução das espécies é uma opinião! Apenas uma opinião! Que tal a opinião de que a Terra gira em torno do sol? Em algum momento vocês vão alegar que é uma mera opinião? Afinal dizer que houve uma ditadura militar é uma opinião, não é mesmo?


Na mesma entrevista esse general-educador diz que é contra cotas nas universidades, que pobre tem que mostrar mérito e ponto. Isto é, se a brutal concentração de renda impede que os mais pobres tenham as mesmas oportunidades de desempenho escolar que os filhos de ricos, temos que pensar se isso é um fato ou não passa de uma opinião. Como tantas outras, uma opinião ideológica, comunista. No entanto, há quem ache que se trata de uma verdade científica, das ciências sociais.


O debate está aberto.


Mas, sejamos concretos: esse ´debate´não será resolvido com palavras e sim com força material organizada. O que é força material? Os generais de Bolsonaro querem implantar a “escola de partido único”, o partido deles, retrógrado e senil, com seu rosário de ideias medievalescas, individualistas, autocráticas, na base na força material, de Estado, de classe.


Pois bem, cabe a cada um dos que não concordamos com essa escola “do partido único” nos lançarmos a criar a força material organizada, através dos comitês anti-Bolsonaro em locais de trabalho e estudos para que, qualquer que seja o resultado eleitoral, tenhamos condições de barrar os ajustes, as medidas mais anti-democráticas e reacionárias desse grupo.


Às vezes chega a parecer um bando que veio das trevas, mas não é nada disso, trata-se de um grupo bem definido em seus propósitos [sobretudo econômicos] e que, dentre outras coisas, quer controlar os professores, militarizar as escolas, para impor o castelo de mentiras e seu conto de fadas do horror. E que quer reescrever a história para ocultar os crimes de Estado que cometeram e/ou endossam, assassinando, nos anos de chumbo do golpe de 64, um setor da juventude que sonhou alto e deu sua vida pela mais nobres das causas, a da emancipação social da humanidade.


Gilson Dantas, via esquerda diário

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