A implicância política como forma de desmoralização
- Gabriel Silva
- 27 de out. de 2018
- 3 min de leitura
Mesmo tendo sido o primeiro a apoiar Haddad, o PT não cansa de implicar e querer jogar a culpa pelo seu eventual fracasso em Ciro Gomes
Por Gabriel Silva

Marina Silva declarou apoio a Haddad há alguns dias atrás, foi aclamada por alguns e ainda assim criticada por vários outros que se sentem na condição de exigir e ainda criticar quem vos apoia; Marina fez isso por um texto numa rede social.
Joaquim Barbosa, o cara que começou com essa palhaçada de lawfare aqui por nossas bandas, declarou apoio a Haddad também, disse estar com medo de Bolsonaro. Foi aclamado por gente que até ontem via nele o satanás em pessoa e malhou o pau na vez em que Ciro Gomes fez elogios a ele meses atrás. Barbosa declarou apoio pela sua conta do twitter, um dia antes das eleições.
Goldman do PSDB declarou apoio em Haddad. Goldman é praticamente um dos relatores da CPI do mensalão, inimigo do PT desde sempre, mas vê hoje que Bolsonaro é mais atraso que o PT. Goldman declarou apoio a Haddad quatro dias antes das eleições por meio de um vídeo em sua rede social.
Todos esses, e mais alguns que não convém mencionar, declararam apoio na reta final, dias antes das eleições.
Ciro Gomes declarou apoio a Haddad no mesmo domingo depois do resultado das urnas estarem completos. O PDT declarou apoio critico no outro dia, segunda feira.
No decorrer do segundo turno, as redes sociais do Ciro Gomes manifestaram-se sempre pela Democracia e contra o fascismo (está registrado, se duvida é só ir lá olhar).
Cid Gomes está há semanas fazendo campanha pelo Haddad, diria eu que ele está até perdendo capital político por conta dessa brincadeira.
Por que ainda a implicância com o Ciro? Ele foi o primeiro a se manifestar, e olha só a ironia da vida, se manifestou antes do Boulos, o PDT declarou apoio critico no mesmo dia que o PSOL e o PSB, 8 de outubro.
A implicância até aqui é pura ferramenta de desqualificação. Ciro Gomes fez a sua parte e foi um dos primeiros a se manifestar em prol da democracia, o PDT declarou apoio, militantes estão dia e noite fazendo campanha, os votos do Ciro foram transferidos. A nossa parte está sendo cumprida, apesar da implicância permanecer. Querem desqualificar, querem o culpado para sua possível derrota. Querem a hegemonia da oposição no ano que vem.
O Ciro não subiu e nem subirá em palanque do Haddad pois ele sabe que a única coisa que vai acontecer é ele se queimar. Ser odiado por boa parte da população e qualquer pretensão de união nacional para os próximos anos morrerá.
É duro falar isso, mas Haddad é uma peça descartável dentro do PT que nos próximos anos acabará virando um deputado federal ou coisa do tipo. Assim como Dilma o foi e hoje encontra-se desaparecida sem que ninguém a cobre nada. Sem que ela tenha aparecido uma só vez na propaganda do PT. Afinal, não ela era a grande golpeada?
Olhar para o primeiro turno é importante para entender o atual momento, eu me lembro bem que o PT não batia no Bolsonaro, preservava-o, apostavam que contra ele a vitória seria certa. Concentraram suas forças em travar o Ciro, conseguiram. Isolaram-no. Em momento algum surgiu que o Bolsonaro era de fato um perigo a democracia das bocas de quem hoje adora usar isso como arma para pressionar um apoio cego e irrestrito do campo progressista. É como o companheiro Rubem Gonzalez II falou, "A descoberta do perigo do fascismo é recente, aconteceu dia 08/10. Antes a preocupação era como chegar ao 2°turno".
Do mesmo modo que a neutralidade do PSB articulada pelo PT no primeiro turno para prejudicar Ciro Gomes fazia "parte da política" (escutei isso muitas vezes), a ausência do Ciro no palanque do Haddad é "parte da política". Ele está se preservando, caso de fato ele pense em 2022. E politicamente falando, é a melhor estratégia para se manter coerente com um discurso de união nacional em volta de um Projeto de Desenvolvimento.
A política é dura, ninguém é santo. Não adianta culpar quem passou meses avisando que essa dança a beira do abismo daria merda. Responsabilidade é assumir os próprios atos mesmo quando eles estão errados, não adianta apenas se vangloriar pelo que deu certo, tem que assumir o que deu errado também.
Gabriel Silva é membro do PDT e da Fundação Leonel Brizola, Alberto Pasqualini, graduando em História pela UDESC e escreve eventualmente para o Jornal A Pátria.
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