Acerca da tensão entre catolicismo e neopentecostalismo no seio do Bolsonarismo (por André Ortega)
- Jornal A Pátria
- 4 de jan. de 2019
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Existe uma tensão entre catolicismo e neopentecostalismo no seio do bolsonarismo. Essa tensão é por enquanto latente e se traduz mais na forma de hipocrisia e maracutaia, jogando elementos culturais católicos frente aos excessos simbólicos da militância neopentecostal.

O novo chanceler metido a templário deve ter falado "Anuê Jaci" hoje não para dar uma de brasileiraço, mas pelo terror de mandar um "SALVE MARIA" na cara dura, afinal o governo dele deve muito aos chutadores de santas e iconoclastas evangélicos.
É claro que o conservadorismo chatólico e covarde dele não quer se enfrentar com isso, assim como se esquiva dos problemas fundamentais das "imoralidades" que ele diz combater.
Se ele e esse presidente querem proteger a identidade nacional, a nação, até mesmo os valores espirituais e religiosos, não iriam abraçar os Estados Unidos, Israel e se ajoelhar ao capitalismo internacional.
Pelo contrário, o caminho dele encoraja a destruição do Estado nacional através do esvaziamento da soberania e como a dissolução das identidades no indivíduo-consumidor.
Se ele se preocupasse, não seria acólito do capitalismo, acólito de Mammon que devora nações inteiras. Não se serve a dois senhores, ainda mais quando um deles é ativo na destruição do outro - o capital que é impiedoso com Maria, com Jaci e com os teatrinhos do chanceler.
Só que essas figuras são tão satânicas que, enquanto o chanceler saúda em tupi, o presidente assina o destino dos povos indígenas remanescentes para que esses fiquem na mão de latifundiários.
E o que é pior, esses conservadores não vão "negociar" com a modernidade, com a marcha do capital, não serão transformistas como os social-democratas da esquerda - geralmente são apenas hipócritas.
Para esse tipo de católico, lembro daquela piada:
"Qual é a semelhança entre os Jesuítas e os Dominicanos? Os dois foram feitos para combater os hereges: protestantes e albigenses, respectivamente.
Qual é a diferença?
Você viu algum albigense recentemente?"
Com todo respeito aos jesuítas.
André Ortega
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