BC da Argentina estabelece taxa de juros recorde de quase 74%
- Jornal A Pátria
- 1 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de ago. de 2019
Em meio à crise econômica, BCRA busca evitar desvalorização da moeda; aumento é o mais alto desde outubro de 2018.

Na tentativa de atrair investimentos na dívida pública e conter a desvalorização da moeda nacional, o Banco Central da Argentina (BCRA) estabeleceu nesta terça-feira (30/04) uma taxa recorde de juros de 73,9% com base no segundo leilão do dia das Letras de Liquidez (Leliq), títulos do tesouro com vencimento de sete dias. A taxa é a mais alta desde outubro do ano passado, quando o economista Guido Sandleris assumiu a presidência do BCRA e iniciou os leilões das Leliqs.
A medida serviu para que o país fechasse o mês de abril com o dólar maiorista (atacado) em 44,25 pesos e o dólar minorista (varejo) a 45,36 pesos, registrando uma queda no mês em que a moeda norte-americana chegou a ser vendida por 47,50 pesos.
Segundo o jornal argentino Pagina 12, o método utilizado pelo Banco Central da Argentina pretende atrair investimentos e reter os fundos líquidos sob controle dos bancos, para evitar que a moeda nacional se desvalorize e impedir a dolarização da economia. Entretanto, a medida pode acarretar em um aumento do endividamento do Estado.
Ainda no mês de abril, as ações de bancos e empresas argentinas caíram mais de 10 pontos em Wall Street, e o risco-país chegou a superar os mil pontos.
Inflação e congelamento de preços
Em três meses a inflação no país chegou a metade do esperado para o ano de 2019, acumulando 11,8%. Em 2018, a Argentina fechou o ano com a inflação em 54,7%, duas vezes mais do que o prometido pelo presidente.
O mês de março fechou com uma alta na inflação argentina, atingindo 4,7%. A cifra foi a maior alta mensal desde outubro de 2018.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou no dia 17 de abril o congelamento no preço de produtos essenciais para tentar conter a inflação no país. Cerca de 60 produtos, entre eles óleo, arroz, farinha, macarrão, leite e açúcar terão os preços estabilizados por seis meses.
O pacote de medidas foi anunciado após o aumento do número de pessoas em situação de pobreza no país latino-americano e lançado em ano eleitoral, no qual o presidente Macri tentará a reeleição.
O acordo do congelamento dos preços foi feito em parceria com 16 empresas que irão fixar os valores e disponibilizá-los a partir do dia 22 de abril. Os produtos estarão disponíveis em 2,5 mil pontos de venda. O preço de alguns tipos de carne, item muito comum nas mesas das famílias argentinas, também será congelado.
De acordo com pesquisa divulgada em 29 de março pelo Instituto Nacional de Censo e Estatística (Indec), o número de pessoas em situação de pobreza na Argentina aumentou 6,3% no segundo semestre de 2018, cerca de 32% da população argentina é pobre.
Antes do pedido de empréstimo de US$ 56,3 bilhões de dólares ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e as políticas econômicas aplicadas pelo governo Macri, números indicam que a pobreza aumentou 4,7% em seis meses.
via Opera Mundi
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