Bolsonaro vai entregar a comunicação brasileira para a Boeing
- Camarada C.
- 19 de dez. de 2018
- 2 min de leitura

Em 1998, o Brasil vendeu para empresas estrangeiras a Telebras. Junto com ela foi o satélite que cuida das transmissões de nossas forças armadas (a chamada Banda X).
Como parte da Embratel, o satélite primeiro esteve em mãos norte-americanas (MCI-Worldcom) e finalmente passou a ser propriedade da mexicana America Movil.
Idealizado no governo Lula e iniciada a construção no governo Dilma, o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Estratégica (SGDC-1) foi construído na França, mas com transferência de tecnologia para uma joint venture (Visiona) entre a Embraer (51%) e a Telebras (49%).
O SGDC-1 servirá tanto para levar acesso banda larga à Internet em áreas remotas (70% de sua capacidade) quanto para trafegar as comunicações militares (30%).
O satélite entrou em orbita em 2017, mas sua operação civil segue sendo um problema. No governo Temer a Telebras assinou um contrato com a norte-americana Viasat para terceirizar a operação em terra do acesso banda larga à Internet. O contrato foi questionado pelo TCU e no momento está em fase de alterações.
A parte militar do satélite teve seus testes concluídos em junho de 2018 e já deve estar em operação pelo Ministério da Defesa. Ou seja, 30 anos depois, a comunicação militar brasileira voltou a ser feita em um satélite brasileiro.
Mas eis que a Boeing comprará 49% da Embraer Defesa que, por sua vez, é dona de 51% da Visiona. Ou seja, indiretamente a Boeing será dona de 24,99% da Visiona e, por conseguinte, do SGDC-1.
Há dois problemas aqui.
Primeiro, uma empresa umbilicalmente ligada ao complexo industrial-militar norte-americano passará a ser acionista da dona do satélite de uso militar do Brasil. E isso com o consentimento dos militares e do Bolsonaro!
Segundo, a Boeing é uma das maiores construtoras de satélites do mundo. Como bem lembra o Samuel Possebon, com isso acaba o processo de transferência de tecnologia com a França e com qualquer outra empresa estrangeira, porque ninguém vai querer passar seus segredos industriais para a Boeing.
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