Insuficiências na obra de Keynes para explicar a economia contemporânea
- Camarada C.
- 9 de set. de 2018
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Atualizado: 12 de set. de 2019

A famosa obra de John Maynard Keynes "A Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda" (TGEJM), de 1936, é um grande marco no pensamento econômico. Foi o início da Macroeconomia moderna, foi o início do tratamento separado de micro e macro, o início da era dos modelos feitos com os agregados consumo, investimento, renda, emprego e com propensão a consumir, determinantes do investimento etc. Ler a obra completa é importante tanto para o conhecimento de história do pensamento econômico, quanto para entender as contribuições mais recentes da Macroeconomia.
Porém, uma obra publicada em 1936 certamente é insuficiente para entender como funciona a economia hoje. As principais lacunas da famosa obra de Keynes são:
1) A TGEJM enxerga a oferta de moeda de forma semelhante aos quantitativistas e aos monetaristas. Considera que o Banco Central pode determinar uma quantidade ofertada de moeda, e que a taxa de juros é determinada pela oferta e demanda por moeda. Hoje sabemos que não é bem assim que funciona. Na verdade, a taxa de juros é determinada pelo sistema financeiro. A taxa básica é determinada pelo Banco Central e o spread é determinado pelos bancos comerciais. A interação entre a taxa de juros exogenamente determinada e a demanda por moeda é que determina a oferta de moeda. O sistema financeiro "cria" moeda
2) A TGEJM pressupôs uma função de consumo bem comportada, determinada pela renda, em que C=cY, sendo o c algo como 0,8 ou 0,9. Isso podia ser válido em 1936, quando alimentos e vestuário era um peso bem maior no consumo, e os duráveis eram não mais do que máquina de costura, rádio e móveis. Automóvel e geladeira estavam nos primórdios. Atualmente com tantos duráveis, a função consumo não é tão bem comportada. Há evidência empírica recente de que o consumo de duráveis oscila tanto quanto o investimento, que também depende de expectativas
3) Quanto ao investimento, não há tanta evidência empírica assim de influência da taxa de juros, como prevê a TGEJM
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