Lênin e as Cooperativas (por Guilherme Melo)
- Jornal A Pátria
- 31 de mai. de 2020
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Resenha de Guilherme Melo sobre escrito leniniano acerca das cooperativas.

“Que as associações proletárias de consumo melhoram a situação da classe operária no sentido de que limitam as dimensões de exploração de toda a espécie de intermediários comerciais, de que influem nas condições de trabalho dos operários ocupados nos estabelecimentos fornecedores e melhoram a situação dos seus próprios empregados.” (V, I. Lênin., 1910)
“Que as associações proletárias de consumo melhoram a situação da classe operária no sentido de que limitam as dimensões da exploração por parte de toda a espécie de intermediários comerciais, de que influem nas condições de trabalho dos operários ocupados nos estabelecimentos fornecedores e melhoram a situação dos seus próprios empregados.” (Ibid, 1910).
“a contribuir, por meio de uma incansável propaganda socialista nas associações de consumo, para a difusão entre os operários das ideias da luta de classes e do socialismo” (Ibid, 1910).
Quais as considerações faço a respeito destas citações:
A centralidade operária é um conceito relevante, ainda que em tempos de desindustrialização, quarteirização; desfragmentação da unidade política em pautas segmentadas, a formação de cooperativas concorrendo no mercado, oferece aos trabalhadores um espírito (Geist)[1] “ideia” com base em uma experiência concreta, o fazer - ser ; trabalho e subsistência; a criação de um espírito de subsistência baseado em uma cooperação orgânica entre trabalhadores; porém, que entra em choque com o pensamento administrativo industrial, o taylorismo, fordismo e mais recentemente, o toyotismo; cuja extração da mais- valia dava pelo quantum de trabalho dispendido pelos trabalhadores, gerando um excedente de valor apropriado pelos donos dos meios de produção.
Mais degradante no toytismo, onde os ideias da ideologia liberal, de flexibilidade e aceitação da gerência administrativa do trabalho oferecia ao trabalhador o compartimento da produção sem a realização do devido sonho prometido pela escola inglesa[2]; a diminuição do tempo necessário de trabalho por meio do aprofundamento da divisão social do trabalho.
Assim, a cooperação e a união político-econômica de trabalhadores no ambiente de trabalho, em uma mecânica de solidariedade orgânica; a perseguição do Estado burguês, mediante a atividade legislativa lobbysta, que protegerá o seu modelo administrativo e criará barreiras para a concorrência, permitirá uma experiência política, partidária, sindical e na condição de movimento social, para defender-se de uma ofensiva burguesa contra a livre-produção.
As cooperativas não encerram a luta de classes, não supera o capitalismo, ela fornece ao trabalhador a liberdade laboral, a capacidade de organização e a comparação em termos concretos de distintos modelos da exploração do trabalho, fomenta uma consciência social por meio de uma base material concreta.
Põe em confrontação direta, os antagonismos de classes; permite a luta política, em todas as esferas do Estado moderno, a formação de bancadas parlamentares, disputas jurídicas entre sindicatos patronais e de trabalhadores no judiciário; o confronto direto entre as classes, o físico, onde agressores terceirizados pela burguesia defrontam-se com trabalhadores em defesa da associação voluntária de uma comunidade de produção material.
Permite eventos culturais, próprios da superestrutura, choca concepções da organização do trabalho; do modo de produção e de uma existência fundamentada na cooperação mútua e na autonomia laboral, que resulta na conciliação da individualidade com a sociabilidade, o ser em comunidade.
Referência bibliográfica
V, I. Lênin. A questão das cooperativas no Congresso Socialista Internacional de Copenhagen, 1910. disponível em < https://www.marxists.org/portugues/lenin/1910/10/08.htm>. Acesso em: 26. 05. 2020.1910.
[1] Palavra alemã que designa espírito em português, este substantivo tem um duplo significado na língua original, refere-se a espírito no sentido teológico e ao termo “ideia”.
[2] Referência ao pensamento econômico liberal de origem britânica.
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