Metade dos paulistanos deixaram de visitar amigos e parentes por conta do valor da passagem
- Jornal A Pátria
- 3 de fev. de 2020
- 3 min de leitura
Sabe quando seus amigos marcam um encontro e sempre tem aquele que confirma presença, mas nunca vai? Então, talvez o problema não seja ele, mas sim o valor da passagem do transporte público. Segundo o que mostra a pesquisa da Rede Nossa São Paulo, 50% dos entrevistados deixaram de visitar amigos ou familiares por conta do preço da passagem.

O estudo foi feito em parceria com o Ibope Inteligência e com apoio do MobCidades, nele foi levantado questões como o deslocamento na cidade, o uso dos meios de transportes e políticas públicas.
Atualmente, os usuários de Metrô e Ônibus usam 32,15% de seu salário apenas para ir e voltar de seu trabalho, ou seja, 1/3 do salário mínimo.
Uma estudante, que preferiu não se identificar, confirmou que o preço da passagem já fez com que ela deixasse de visitar seus familiares: “[Na] segunda-feira deixei de ir a minha vó, pois gastaria R$ 10 além do valor que gasto geralmente”.
Para driblar o alto custo da passagem, a estudante revelou que volta “andando duas vezes do curso de Pirituba até Taipas [total de 10 km] apenas para economizar [o] dinheiro do mês”.
Por fim, a estudante acredita que a passagem deveria ser mais barata, como argumento, ela destaca que: “a passagem aumenta, porém cortam os ônibus, diminuem as frotas e assim gastamos mais dinheiro e mais tempo para chegar ao destino por conta das baldeações e microônibus, que, em muitas vezes, passam [d]o ponto devido a superlotação”.
Insatisfação com preço da passagem
Como objetivo de frear o aumento da passagem de Ônibus e Metrô, o Movimento Passe Livre (MPL) vem realizando atos no centro da cidade de São Paulo. Desde o inicio do ano foram quatro manifestações.
A insatisfação no preço da passagem em 2013 foi o que resultou nas Jornadas de Junho, movimento que levou às ruas mais de um milhão de pessoas por todo o Brasil. Na época, o movimento foi comparado ao do impeachment do presidente Fernando Collor por conta da organização e apoio popular, que chegou aos 84%, segundo o Ibope da época.
Preço da passagem é obstáculo para o lazer
A pesquisa também mostra que o valor da tarifa do transporte foi o motivo para 45% das pessoas não irem aos parques, cinemas e outros espaços de lazer, sendo que deste número, para 16% dos entrevistados a motivação de não ir é sempre o preço da passagem, já para o restante (29%), às vezes o valor da passagem é considerado.
O levantamento também mostra que o valor da passagem foi motivo para 40% das pessoas deixarem de fazer consultas médicas ou exames (13% sempre e 27% às vezes); 37% deixam de procurar emprego (13% sempre e 24% às vezes); e 24% ir à escola ou universidade (11% sempre e 13% às vezes).
O resultado da pesquisa aponta que 71% dos usuários de ônibus municipal deixaram de fazer sempre ou às vezes algumas das situações avaliadas.
Vale Transporte
A mudança do Vale Transporte impactou a vida 7 a cada 10 trabalhadores paulistas. Segundo o relatório da Rede Nossa São Paulo, apenas 27% afirmaram não terem sido afetadas com a mudança. Por outro lado, 42% dos usuários declararam terem sido muito afetados e 27% afirmam que foram pouco afetados.
Problemas
A pesquisa também destacou que o principal problema que os usuários de ônibus enfrentam é a lotação, eleita por 19% dos entrevistados. Em seguida, os mais mencionados são o preço da tarifa e a frequência do ônibus, com 16% cada. O relatório também apontou que o tempo médio de espera do ônibus é 21 minutos.
Mais corredores e mais ciclovias
Para 87% dos paulistanos, a Prefeitura deve investir na construção e ampliação de corredores e faixa exclusivas de ônibus como forma de melhorar a mobilidade da cidade. As faixas exclusivas para bicicletas também são a preferência dos entrevistados, segundo o relatório da Nossa São Paulo, 82% apoiam a construção e ampliação das ciclovias e ciclofaixas na cidade.
Por Lucas Antonio, Jornal SP-Norte
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