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O mito da liberdade e imparcialidade da imprensa

  • Foto do escritor: Jornal A Pátria
    Jornal A Pátria
  • 20 de abr. de 2019
  • 4 min de leitura

Devido aos últimos acontecimentos no período de eleição, o tema das “fake news” (notícias falsas) começou a ser levantado com mais energia pela sociedade civil organizada e pela própria grande mídia. No entanto, apesar da importância do combate a essa prática anti-informativa, em nenhum momento foram pautadas as notícias vinculadas cotidianamente pelas empresas donas de meios de comunicação que transformam seus interesses econômicos em linha editorial.



Diferente do discurso com o intuito de descredibilizar e enfraquecer o papel do jornalismo, como vem sendo generalizado pelo atual governo, é preciso compreender que a imprensa funciona como uma grande fábrica de narrativas. E ela, como propriedade de um burguês, tem lado, interesse e partido (afinal, os proprietários da Globo, SBT, Estadão, etc. são empresários). Logo, o conceito subjetivo de liberdade de imprensa e o princípio da imparcialidade - que até hoje é ensinado na academia - não passa de um grande mito.


Atualmente, os grandes jornais e as concessões de rádio e TV brasileiras são fundamentalmente financiadas pelas propagandas. Isso significa dizer que esses meios de comunicação fazem de tudo para não perder o cliente e, consequentemente, continuar existindo.


Em outras palavras, se o custo for omitir notícias negativas que envolvam marcas, personalidades e governos, é um preço que vale pagar.


Além dos patrocinadores, esses meios têm donos. Por exemplo, em Pernambuco, o Jornal do Commercio é propriedade do empresário João Carlos Paes Mendonça - quem também foi dono da rede de supermercados Bom-Preço (vendido para a norte americana Wallmart) e dos shoppings RioMar, Recife, Plaza, Tacaruna e Guararapes.


Para visualizar melhor, suponhamos que a pauta do dia é sobre a reforma da previdência. É indiscutível que essa mudança não será positiva para a vida do trabalhador, mas os jornais não destacam isso em forma de denúncia por um único motivo: não é do interesse do empresário que o povo compreenda a natureza danosa dessa proposta desumana. Afinal de contas, quanto menos direitos aos trabalhadores e aposentados, mais vantagens aos seus negócios. Portanto, não resta dúvida que as maiores “aspas” na reportagem serão de economistas com orientação liberal.


Em termos teóricos, a liberdade de imprensa no Brasil consiste na livre divulgação de conteúdo sem a interferência do Estado. Em contrapartida, como observamos, está nas mãos de um monopólio privado que - obviamente - favorece os seus interesses. Já a imparcialidade é um valor ético muito bonito nos discursos, mas que é impossível na prática. O motivo é muito claro: não é possível manter-se neutro em uma sociedade segmentada em classes. Até mesmo a abstenção de posição favorece um dos lados antagônicos.


Vejamos um exemplo prático.


Muito se questiona sobre a liberdade de imprensa em Cuba. Entretanto, não é possível fazer esse diagnóstico partindo da ótica liberal e corporativista, que concebe os interesses velados sob a máscara da imparcialidade. O conceito de liberdade de imprensa perpassa por uma compreensão conjuntural. Ao invés de responder a um grupo econômico como no Brasil, a imprensa cubana responde a uma linha política.


O problema não é a abordagem do tema. O problema é sob qual ponto de vista e com qual objetivo vamos tratar o tema. Por exemplo, eu posso falar de um assunto muito delicado como a democracia em Cuba. Mas eu quero abordar para criticar a democracia, o governo e dizer que não funciona ou assinalar caminhos para fazer um país melhor e melhorar o nosso socialismo? Eu penso que você pode discutir qualquer tema, desde que seu norte esteja definido. E esse norte tem que ter debate e formação. Usar o espaço para gerar caos e conflito não é saudável”, declarou o jornalista cubano, professor de Teoria da Comunicação e integrante da Articulação de Movimentos Sociais da ALBA, Alcides García, ao portal Terra Sem Males.


A imprensa cubana foi formada a duras penas e perseguições desde o colonialismo espanhol e, como herança histórica, os periodistas cubanos (como são chamados os jornalistas) carregam esse espírito para a profissão. Não é a toa que a grande maioria desses profissionais são admiradores de José Martí - personalidade que, além de herói de guerra, foi um grande comunicador. Inclusive, eles comemoram o Dia da Imprensa na data que Martí fundou o primeiro jornal libertário na então província.


As diversas mídias existentes na ilha (TV, rádio, jornal) são públicas, mas também há outras formas de comunicação como a institucional, comunitária, de grupos sociais e outros. Por exemplo, a juventude cubana tem seu próprio periódico e roda em toda a ilha com subsídio estatal.


Por outro lado, vale salientar também que Cuba é o país onde existe o maior número de imprensa de oposição. Para se ter ideia, existem 32 emissoras de rádio (principal meio de comunicação na ilha) transmitindo todos os dias da Flórida e todas com conteúdo contra Cuba e contra o socialismo.


O governo estadunidense liberou mais de U$ 34 milhões para essas emissoras e, deste montante, U$ 18 milhões são para pagar jornalistas, escritores e locutores que vendem sua mão e sua voz na intenção de gerar desesperança entre os cubanos”, declarou o o jornalista e presidente da União de Periodistas de Cuba (UPC), Tubal Paez.


Segundo ele, tudo isso é tolerado porque a população cubana tem educação suficiente para diferenciar o que é verdade do que é mentira. “Escrever para um povo alfabetizado politicamente não é coisa fácil”, completa.


Para explicar a liberdade de imprensa sob a ótica da construção política do país, Paes destaca que o código de ética dos jornalistas aponta como falta gravíssima tanto a apologia quanto o triunfalismo. Para o presidente da UPC, é necessário falar de tudo que é ruim, dos sacrifícios que a população tem de viver devido ao bloqueio, mas também é fundamental falar da resistência.


Como bem diria o farol dos periodistas cubanos, José Martí: “a imprensa é o cão de guarda da casa Pátria”.


Por Tatiana Ferreira, jornalista, colaboradora do Jornal A Pátria e integrante do Coletivo Via Trabalhista

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