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Petrobras descobre pré-sal em 2006, e inicia nova era do ‘ouro negro’ no Brasil



O pré-sal inaugurou um novo capítulo da saga pelo “ouro negro” no país, iniciada nas primeiras décadas do século passado, que contou com a campanha “O petróleo é nosso”, ao fim da Segunda Guerra Mundial e da ditadura do Estado Novo (1937-45), comandada por Getúlio Vargas. Situadas a 2 mil metros abaixo do nível do mar, as reservas foram anunciadas pela Petrobras como um marco na produção do país. Como em outros momentos, a descoberta de riquezas naturais, dessa vez na Bacia de Santos, significaria mais do que um desafio técnico.


A novidade ganhou destaque nas páginas da edição do GLOBO de 12 de julho de 2006. Já naquele momento, antes mesmo que a viabilidade da exploração fosse confirmada, a reportagem de Ramona Ordoñez, especialista no setor de petróleo e energia, informava que o Estado do Rio seria o grande beneficiado pela descoberta. De fato, o pré-sal reconfigurou o mapa da distribuição de royalties para os municípios brasileiros. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em agosto de 2017, o Estado do Rio era responsável por 66% do total da produção brasileira, seguido de Bahia e Rio Grande do Norte. No mesmo ano, os campos do pré-sal passaram a responder por mais da metade da produção no país.


Em agosto de 2017, a produção total de petróleo e gás natural da Petrobras atingiu 2,72 milhões de barris de óleo equivalente diários, dos quais 2,61 milhões produzidos no país e 107 mil no exterior. Segundo informações da companhia, a produção operada pela estatal (parcela própria e dos parceiros) na camada do pré-sal ficou em 1,57 milhão de barris.


Pela primeira vez, Campos dos Goytacazes e Macaé, polos tradicionais da produção de petróleo, deixaram de liderar os rankings de municípios que mais recebem recursos do petróleo. Os municípios do Norte Fluminense foram ultrapassados por Maricá, na Região dos Lagos, e Niterói, antiga capital do estado, favorecidos pelo aumento da produção no pré-sal dos campos de Lula e Sapinhoá. Outras cidades que surfaram nessa mesma onda foram Saquarema, também na Região dos Lagos, Angra dos Reis, na Costa Verde, e o próprio Rio de Janeiro.


Em Niterói, por exemplo, as receitas dos royalties superaram outras fontes tributárias. Com R$ 420 milhões nos cofres, segundo dados da ANP, o pré-sal rendeu à cidade mais do que IPTU, com R$ 320,8 milhões, e ISS, com R$ 262,1 milhões, numa comparação de janeiro a agosto de 2017.


Mas antes da consolidação da produção no pré-sal, a queda brusca do preço do barril de petróleo em 2014, somada às consequências do envolvimento de dirigentes da Petrobras na Operação Lava-Jato, colocou em dúvida a viabilidade da exploração. Em 2015, contudo, as pesquisas sobre a camada renderam à empresa o prêmio da OTC Distinguished Achievement Awards for Companies, principal reconhecimento da área.


O pré-sal é uma sequência de rochas sedimentares formadas há mais de 100 milhões de anos. Segundo especialistas, o conjunto de rochas com potencial para gerar e acumular petróleo na camada abaixo do sal encontra-se no litoral entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo. Sua qualidade é considerada superior à do pós-sal, que tem enormes cadeias de carbono em sua composição. Para virar um produto de alto valor, como diesel e gasolina, essas moléculas precisam ser quebradas em outras menores, o que diminui seu valor. Dada as altas temperaturas nas profundezas do pré-sal, seu refino é mais fácil e, portanto, seu valor é mais alto.


Embora possam parecer minúcias técnicas, essas características tiveram impactos significativos na economia do país. Além de riqueza, o pré-sal significava a redução da necessidade de importação no Brasil. Como a maior parte do óleo extraído no país era pesado, que as refinarias não processavam, era preciso importar o produto leve. Isso impactava a balança comercial brasileira, mesmo com a conquista da autossuficiência naquele ano, anunciada alguns meses antes da descoberta do pré-sal.


Pela primeira vez o consumo no país era inferior à sua produção. O feito foi alcançado com o início do funcionamento da plataforma P-50, na Bacia de Campos, litoral Norte do Estado do Rio. Em 2006, o presidente Lula foi acusado pelos adversários de utilizar a inauguração da plataforma como palanque para sua reeleição. Em entrevista ao GLOBO, em 22 de abril de 2006, o então deputado federal pelo PFL-RJ Rodrigo Maia criticou o petista: “O presidente Lula faz muito bem em comemorar a autossuficiência brasileira, mas não em se apropriar disso como matéria eleitoral”.


Na ocasião, Lula repetiu o gesto de Getúlio Vargas durante a campanha que resultou na criação da Petrobras, em 1953, estendendo as mãos sujas de óleo. O presidente repetiria o gesto no Espírito Santo, quando se iniciava a exploração comercial do pré-sal no país, em 2010. Em 24 de janeiro de 1939, O GLOBO trazia em sua primeira página, em letras garrafais: “Ouro negro no Brasil!”. A tão esperada descoberta ocorreu em Lobato, na Bahia, de onde o jornal informava terem sido colhidos 70 litros de óleo.


Quase vinte anos depois, em 6 de março de 1972, o jornal dá a dimensão da construção da nova sede da empresa, na Avenida Chile, Centro do Rio. “As três mil toneladas de tiras de aço para armadura de concreto empregadas na estrutura equivalem à distância entre o Rio e Belém do Pará; os 15 mil kw de potência elétrica dos transformadores dos transformadores equivalem à demanda de uma cidade de 120 mil habitantes”. A edifício-sede (Edise) da estatal seria um dos símbolos do Brasil Grande, propagandeado pela ditadura militar.


A companhia seria personagem em outro episódio marcante. Em 16 de junho de 1999, uma batalha se encerrava com a quebra do monopólio de mais de quatro décadas na exploração de petróleo no Brasil. As licitações daquele dia totalizaram uma arrecadação de R$ 218 milhões para o governo. A quebra havia sido aprovada quatro anos antes na Câmara dos Deputados.


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