Queniano cria luvas que convertem língua de sinais em áudio
- Jornal A Pátria
- 11 de out. de 2019
- 2 min de leitura
O engenheiro Roy Allela teve a ideia de criar as luvas para se comunicar facilmente com uma sobrinha, que nasceu surda. (Foto: Brett Eloff/Royal Academy of Engineering)

Quando a sobrinha de Roy Allela nasceu, a dificuldade de comunicação com ela em pouco tempo se tornou clara: a menina tem surdez congênita, e, como ninguém na família sabia língua de sinais. Roy, queniano de 25 anos e engenheiro que trabalha para professores da Intel e da ciência da informação na Universidade de Oxford, inventou então luvas inteligentes que convertem os movimentos da língua de sinais em áudio.
Graças à invenção, ele agora é um dos 16 indicados a um prêmio de £ 25 mil — o equivalente a R$ 120 mil — da Royal Academy of Engineering Africa. O vencedor será anunciado em junho.
Como funciona
As luvas, chamadas Sign-IO, têm sensores flexíveis costurados em cada dedo. Os sensores "quantificam" a curva dos dedos e processam os sinais. As luvas são conectadas via Bluetooth a um aplicativo de celular que Roy também desenvolveu. É este aplicativo queque vocaliza as letras.
— Minha sobrinha usa as luvas, as conecta ao celular dela ou ao meu, depois começa a fazer sinais. E eu entendo o que ela está dizendo. Como quase todos os usuários de língua de sinais, ela é muito boa em leitura de lábios, então ela não precisa que eu faça sinais de volta — disse ele ao jornal britânico "The Guardian".
Os usuários podem configurar a linguagem, o gênero e o tom da vocalização por meio do aplicativo, com resultados que chegam a 93% de precisão, segundo Roy.
Testes em escolas
O engenheiro testou as luvas em uma escola para crianças com deficiência no condado rural de Migori, no sudoeste do Quênia. Lá, foi possível aprimorar um dos aspectos mais úteis e importantes da iniciativa: a velocidade com que a luva funciona.
— As pessoas falam em velocidades diferentes e é o mesmo que as pessoas que usam a linguagem de sinais: algumas são muito rápidas, outras são lentas, por isso integramos na aplicação móvel para que seja confortável para qualquer um que a utilize — assegurou Roy.
Cada par de luvas pode ter seu estiplo próprio: algumas têm desenhos de princesas, outras são do Homem-Aranha.
— (A customização das luvas) Combate o estigma associado a ser surdo e ter um problema de fala. Se as luvas parecerem boas, todas as crianças vão querer saber por que as vestem — disse Roy.
Agora, ele está tentando disponibilizar dois pares de luvas em cada escola para crianças com deficiência no Quênia. Ele acredita que elas poderiam ser usadas para ajudar as 34 milhões de crianças em todo o mundo que têm perda de audição.
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