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Reflexões sobre a ideia política como modo de ação

Atualizado: 21 de abr. de 2019

Como a ideia política pode nortear modos de ação dentro de um sistema já consolidado?


Acho que é razoável dizer que interagimos com fenômenos das mais distintas espécies norteados por um conjunto de ideias, inclinações, afetos e o que mais que se queira botar em palavra para dizer que, afinal, somamos experiências e conhecimentos que nos moldam em fluxo constante. Desde a acessível possibilidade a um passeio cultural no Centro Histórico de uma das maiores metrópoles do Brasil, até o dia-a-dia como sujeito que consegue facilmente ter a sua identidade reconhecida no espaço político. Noutros contextos, desde a chance rara de ir ao cinema, em ocasião excepcional e no meio de dias de instabilidade econômica, até um cenário político em que parece não haver chances de se fazer reconhecido(a) pelo o que é demandado. Acredito que todas essas coisas, constroem, pouco a pouco, a personalidade de alguém e como esse alguém analisa e reage a cenários variados. Constituem, ao longo de uma vida em determinado contexto, afetos particulares e tão facilmente categorizáveis por observação.


Neste sentido, a reflexão do professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, especialmente no que toca os afetos e a importância destes no campo político, pode nos conceber outras maneiras de pensar a política para além de uma exclusiva batalha de interesses que não envolve questões afetivas - limitadoras à ampliação da democracia nos modernos modelos econômicos, precisamente nas ditas "democracias liberais". Pode-se questionar, portanto, até que ponto estes afetos influenciam na ação política. Pois bem, penso que existem muitos agentes causadores de um certo "embaçamento" do poder coletivo, primeiro como ideia e depois como forma de ação concreta.


Primeiro deles, posso citar a falta de perspectiva de mudança decorrente de uma certa acomodação com o status quo. Para além da simples afirmação e sendo a questão de ampla natureza, trata-se de uma forma de apropriação da realidade social tal como ela é concebida, ou seja, a internalização bem como a naturalização de uma determinada experiência social. Sendo esta resultado de um contexto produtivo que interage com esferas de poder econômico, social, cultural e, dentro da reflexão, afetivo, o afeto que tratamos é um certo desnorteamento ético vinculado a questões de uma realidade coletiva e política, portanto.


O segundo agente que, no meu entendimento, é diretamente consequente do primeiro deles, está presente na reflexão de Safatle em O circuito dos afetos: o medo. Tema de importância na obra de Hobbes, o medo é visto como motor chave para necessidade de um contrato social. Sendo assim, não vivemos em uma condição em que nos reunimos em um Estado de natureza, mas sim em um Estado que, através de um pacto contratual, estabelece certo equilíbrio entre os indivíduos. É importante perceber que este Estado é fundamentado em um imaginário coletivo que também faz com que haja uma certa abdicação de realizações instintivas a troco de "equilíbrio social".


Como disse Freud no pequeno-grande ensaio O mal estar na civilização: troca-se um pouco de liberdade por outro tanto de segurança.



texto de Pedro Lucena

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