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Resposta ao ILPS: Hitler, o marxista heterodoxo?

(Vinícius Fontoura, repostado 17 de maio de 2018).


O portal liberal ILISP publicou um artigo fazendo uma associação mentirosa sobre Hitler e o marxismo, e além de pontos falsos, ausência de fontes diretas e distorções de discurso, o autor do artigo aparentemente esquece-se da prática da Alemanha Nazista e do livro mais importante de Hitler, o ‘Mein Kampf’. Portanto, iremos desmascarar e desmembrar este artigo ponto a ponto.


Após a introdução, no terceiro parágrafo do texto já temos este trecho: “Lendo estes materiais, fica claro, sem sombra de dúvidas, que Hitler e seus aliados se consideravam socialistas e que outros também acreditavam nisso.”


Primeiro vamos aos questionamentos que o artigo simplesmente ignora (de maneira oportunista) a respeito do socialismo. É preciso saber de quê socialismo se trata, é preciso ser bem claro em afirmar algo tão geral, visto que o socialismo marxista (defendido pela esquerda) é extremamente repudiado por Hitler, e isso é comprovado em alguns trechos do ‘Mein Kampf’, como o seguinte:

“Nesse tempo abriram-se-me os olhos para dois perigos que eu mal conhecia pelos nomes e que, de nenhum modo, se me apresentavam nitidamente na sua horrível significação para a existência do povo germânico: marxismo e judaísmo.” (P.22)

Como já dito, o socialismo não é exclusivo de Marx, visto que há ainda ‘direitistas socialistas’, tais como Werner Sombart e Oswald Splenger, o primeiro um alemão e que elaborou um conceito de ‘socialismo nacional’, bem oposto ao materialismo proletário do socialismo marxista. O segundo, Splenger, elaborou um conceito de ‘socialismo prussiano’, que seria um socialismo livre do marxismo. Ambos eram contra ideia de abolição da propriedade privada, um aspecto fundamental do marxismo. E o socialismo internacionalista, de Marx, e da esquerda, era completamente repudiado por Hitler.


No quarto parágrafo ainda contamos com essa afirmação no artigo:

“De acordo com Hermann Rauschning, um nazista que conheceu Hitler antes de sua ascensão ao poder em 1933 e publicou as conversas que teve com o ditador, Hitler afirmava que “havia aprendido muito com o marxismo”. Ele se orgulhava de ter se aprofundado na lógica marxista quando era um estudante, antes da Primeira Guerra Mundial, e posteriormente na prisão em 1924, para onde foi levado quando sua tentativa de golpe (o Putsch de Munique) falhou.”

Afirmação que sem dúvidas pode ser motivo de risada, primeiro porque já vimos que Hitler nega o marxismo, segundo pelo próprio ‘nazista’ citado no texto, e terceiro, pela sua distorção oportunista dos fatos. Começaremos com o primeiro ponto.


Já sabemos que Hitler nega o marxismo, e além da passagem já citada acima, contamos com mais dezenas de outros trechos a respeito de comunismo, marxismo e bolchevismo, tais como:

“Só o conhecimento dos judeus ofereceu-me a chave para a compreensão dos propósitos íntimos e, por isso, reais da social-democracia. Quem conhece este povo vê cair-se-lhe dos olhos o véu que impedia descobrir as concepções falsas sobre a finalidade e o sentido deste partido e, do nevoeiro do palavreado de sua propaganda, de dentes arreganhados, vê aparecer a caricatura do marxismo” (P. 43)
“No pequeno círculo em que agia, esforçava-me, por todos os meios ao meu alcance, por convencê-los da perniciosidade dos erros do marxismo e pensava atingir esse objetivo, mas o contrário é o que acontecia sempre.” (P. 51)
“A doutrina judaica do marxismo repele o princípio aristocrático na natureza. Contra o privilégio eterno do poder e da força do indivíduo levanta o poder das massas e o peso-morto do número. Nega o valor do indivíduo, combate a importância das nacionalidades e das raças, anulando assim na humanidade a razão de sua existência e de sua cultura. Por essa maneira de encarar o universo, conduziria a humanidade a abandonar qualquer noção de ordem. E como nesse grande organismo, só o caos poderia resultar da aplicação desses princípios, a ruína seria o desfecho final para todos os habitantes da terra. Se o judeu, com o auxílio do seu credo marxista, conquistar as nações do mundo, a sua coroa de vitórias será a coroa mortuária da raça humana e, então, o planeta vazio de homens, mais uma vez, como há milhões de anos, errará pelo éter.” (P. 53)
“Nos anos de 1913 e 1914 manifestei a opinião, em vários círculos, que, em parte, hoje estão filiados ao movimento nacional-socialista, de que o problema futuro da nação alemã devia ser o aniquilamento do marxismo” (P. 116)

O segundo ponto é do nazista Herman Rauschning e suas supostas conversas privadas com Hitler, e como bem afirma o historiador suíço Wolfgang Haenel, que ficou por mais de cinco anos cuidadosamente investigando essas conversas e o próprio Hitler antes de anunciar suas revelações, em 1983 em uma conferência de história revisionista na Alemanha Ocidental, a famosa “Conversas com Hitler”, ele declarou, “é uma fraude total” [1].


O livro não tem valor “exceto como um documento da propaganda de guerra Aliada”, há ainda outros trechos sobre as revelações de Haenel, tal como: “As palavras atribuídas para Hitler, segundo ele, foram simplesmente inventadas ou levantadas de muitas outras diferentes fontes, incluindo escritos de Junger e Friedrich Nietzsche. Um relato de Hitler ouvindo vozes, andando a noite com gritos convulsivos e, aterrorizado, apontando para um canto vazio enquanto gritava “lá, lá no canto!” foi tomada de um conto do escritor francês Guy de Maupassant.”


O terceiro ponto é justamente o da distorção de fatos, em que o autor coloca que ‘Hitler estava orgulhoso de seus anos estudando marxismo’, como se o nazista sentisse orgulho de conhecer o marxismo, quando, na verdade, e interpretado da maneira correta, podemos compreender que é apenas uma forma de Hitler dizer que já conhecia o dito ‘perigo na Alemanha’, segundo ele.

“No meu íntimo eu estava descontente com a política externa da Alemanha, o que revelava ao meu pequeno círculo de meus conhecidos, bem como a maneira extremamente leviana, como me parecia, de tratar-se o problema mais importante que havia na Alemanha daquela época – o marxismo. Realmente, eu não podia compreender como se vacilava cegamente ante um perigo cujos efeitos – tendo-se em vista a intenção do marxismo – tinham de ser um dia terríveis. (P. 116)

O artigo do ILISP ainda segue recheado de outras mentiras, tais como “Foi a questão da raça, acima de todas as outras, que tem evitado que o nacional-socialismo fosse classificado como socialismo.”


Ora, qualquer um que já tenha estudado marxismo sabe de suas extremas diferenças com o nazismo, a começar pela discordância da própria abolição da propriedade privada, que é citada no próprio artigo do ILISP como algo que Hitler não exatamente condenava, “como Hitler afirmou a seu conselheiro econômico, Otto Wagener, em 1930: o socialismo do futuro seria baseado na ‘comunidade do povo’, não no internacionalismo, e sua tarefa era ‘transformar o povo alemão em socialista sem matar os antigos individualistas’, ou seja, os empreendedores e gestores da era liberal.”, ou seja, o próprio artigo se contradiz aqui. Há ainda mais diferenças cruciais entre as duas ideologias completamente distintas, tais como o anti-comunismo de Hitler, que é fundamentado em diversos trechos de suas obras (dos quais já citados aqui), a visão de desigualdade como algo natural, e a definição hierárquica entre as pessoas, no caso de Hitler, segundo as raças.


Por fim, concluímos que, além de anti-comunista, anti-marxista, além de tratar a desigualdade como natural e acreditar numa hierarquia de raças, o nazismo era definitivamente de extrema-direita, como afirmam os próprios artigos alemães sobre os partidos da época [2]. E como se não bastasse todo o jogo desonesto que o artigo do ILISP nos mostra, e que já foi desmascarado aqui, o autor ainda tem a audácia de finalizar o texto com o seguinte trecho: “Com tudo o que sabemos sobre Hitler hoje, podemos afirmar, sem dúvidas: Hitler era um marxista heterodoxo que conhecia as fontes de suas ideias e como elas eram manipuladas por ele de forma heterodoxa.”, afirmação que pode ser facilmente desmentida com ainda mais trechos do Mein Kampf:

“O fato de ter o nosso soldado outrora lutado com ardor é a prova mais evidente de que não estava ainda contaminado pela loucura marxista. À proporção, porém, que o soldado e o operário alemão, com o decorrer da Guerra, iam caindo nas garras do marxismo, eram elementos perdidos para a Pátria.” (P. 503)
“No ano de 1923 estávamos em face de uma situação idêntica à de 1918. Qualquer que fosse a maneira de resistir que se escolhesse, a condição indispensável seria livrar primeiro, o nosso povo do marxismo corruptor.” (p. 503)
“No dia em que, na Alemanha, for destruído o marxismo, romper-se-ão, na verdade, para sempre, os nossos grilhões”. (P. 505)

Referências:


HITLER, Adolf. Main Kempf. Edição original de 1924.


WATSON, George. Hitler: o marxista heterodoxo que tentou implantar a utopia socialista. Tradução de Marcelo Faria, publicado pelo ILISP.


[1] WEBER, Mark. Swiss Historian Exposes Anti-Hitler Rauschning Memoir as Fraudulent, texto de ‘The Journal of Historical Review, Fall 1983 (Vol. 4, No. 3), pages 378-380.’


[2] The political parties in the Weimar Republic. Administration of the German Bundestag, Research Section WS ‘, Março de 2016.

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