Sobre os fundamentos do Leninismo - parte 1: as raízes históricas
- Leonardo Rocha
- 11 de out. de 2019
- 3 min de leitura
Antes de abordarmos as raízes históricas do Leninismo, é necessário defini-lo. O Leninismo é a teoria e a tática da revolução proletária em geral, a tática da ditadura do proletariado em particular no período de pleno desenvolvimento do imperialismo e de desencadeamento da revolução proletária. Portanto, o leninismo é o ulterior desenvolvimento da teoria marxista.

As raízes históricas do Leninismo:
O Leninismo se desenvolveu e se formou nas condições do período imperialista, quando o capitalismo havia alcançado um nível elevado de suas contradições, fazendo com que a revolução se tornasse um problema prático e imediato, iniciando um novo período, o período de assalto direto ao capitalismo.
O imperialismo é, nos países industriais, a onipotência dos trastes e dos sindicatos monopolistas, dos bancos e da oligarquia financeira que eleva a contradição entre o trabalho e o capital. É a exportação de capitais para as fontes de matérias primas, luta encarniçada pela posse exclusiva destas fontes, luta por uma nova repartição de um mundo já dividido que eleva a contradição entre os diversos grupos financeiros e as diversas potências imperialistas na luta por essas fontes de matérias primas e territórios alheios, consequentemente resultando em guerras. Além disso, é a exploração mais descarada, a opressão mais desumana de centena de milhões de habitantes dos países coloniais e dependentes que eleva a contradição entre um punhado de nações "civilizadas" dominantes e povos coloniais dependentes.
Tais contradições são colocadas diante das massas de milhões do proletariado, acelerando e aproximando as massas da revolução. O imperialismo, não somente tornou a revolução uma necessidade prática, mas criou as condições favoráveis para o assalto direto à fortaleza do capitalismo. Tal situação internacional produziu o leninismo.
Por que foi a Rússia o berço do Leninismo? Pelo fato de que a Rússia era o ponto de aproximação de todas estas contradições do imperialismo e somente ela estava em condições de resolver tais contradições por via revolucionária.
Na Rússia tzarista, se encontrava todo gênero de opressão, como por exemplo, a opressão capitalista, colonial e militar. A onipotência do capital se fundia com o despotismo tzarista; a ferocidade contra os povos não russos; a exploração de regiões inteiras, como por exemplo, regiões da China, da Turquia e da Pérsia. Com tudo isso, Lênin tinha razão ao dizer que o tzarismo era um "imperialismo feudal-militar". O tsarismo concentrava em si os lados mais negativos do imperialismo, elevados ao quadrado.
Na Rússia se desencadeara, portanto, a maior revolução popular, cuja frente se encontrava o proletariado revolucionário junto aos seus aliados camponeses revolucionários da Rússia. Tal revolução, não se limitaria ao nível estritamente nacional, ao contrário, toda a situação estimularam os comunistas russos a levar a luta ao nível internacional, a pôr nu as contradições do imperialismo, a derrubar o capitalismo em seu país e forjar para o proletariado uma nova arma de luta, a teoria e a tática da revolução proletária.
Portanto, percebe-se o grande caráter internacionalista do Leninismo, o que está longe das errôneas definições concebidas , por exemplo, por Zinoviev, que tratava o Leninismo como nacionalmente limitado, sendo o produto das particularidades russas, como a predominância de camponeses, sendo o principal problema do leninismo, o problema do papel dos camponeses na revolução.
Como dito pelo próprio Lênin em " A economia e a política no período da ditadura do proletariado" : "Na Rússia, a ditadura do proletariado tem que se distinguir inevitavelmente por certas particularidades, em comparação com os países avançados, como consequência do enorme atraso e do caráter pequeno-burguês de nosso país. Mas as forças fundamentais e as formas fundamentais da economia social são, na Rússia, as mesmas que em qualquer outro país capitalista, motivo pelo qual as particularidades citadas não se referem, de modo algum, ao essencial".
Leonardo Rocha
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