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A França não tem o direito de reclamar de imigração

Atualizado: 23 de ago. de 2019

Será mesmo que a frança tem direito de reclamar sobre o problema imigratório?

– Quando os escravos negros do Haiti se libertaram da França, ela passou a cobrar do Haiti uma suposta divida para indenizar os ex-donos de terras e ex-donos de escravos, sob ameaça de invasão e recolonização. A contenda com a França só acabou quando em 1838 o governo haitiano aceitou pagar 150 milhões de francos. A dívida só foi considerada paga em 1922, ao que logo se seguiu uma ocupação militar dos EUA. Durante 80 anos essa divida, que foi paga incontáveis vezes através de juros intermináveis, drenou a economia haitiana e tornou o país o que ele é hoje – o mais pobre do continente.

– Após a Primeira Guerra Mundial, os franceses tomaram a Síria e o Líbano e fizeram deles sua colônias. Como forma de facilitar seu domínio e impedir a expansão da ideologia nacionalista, os franceses incitaram o sectarianismo étnico e religioso. A estratégia de dividir e conquistar foi mais tarde uma das responsáveis pela brutal Guerra Civil no Líbano nos anos 70 e 80, e pela atual Guerra Civil na Síria.

– Os franceses também esmagaram violentamente a Grande Revolta Síria, uma rebelião de tribos sírias contra o colonialismo nos anos 20. A capital Damasco foi bombardeada, e milhares foram mortos.

– Os franceses, junto dos espanhóis, lutaram contra rebeldes marroquinos na Guerra do Rif e, mais tarde, na Guerra de Ifni, também ao lado da Espanha (agora sob o ditador Franco)

– Incidente de Haiphong – Em 23 de novembro de 1946, a frota francesa iniciou uma operação contra os rebeldes independentistas Viet Mihn com um bombardeio naval das seções vietnamitas da cidade de Haiphong, no Vietnã, que mataram mais de 6.000 civis vietnamitas em uma tarde.

– Massacre de Mỹ Trạch, um massacre de civis vietnamitas feito pelo exército francês durante o domínio colonial no Vietnã. O massacre ocorreu na vila de mesmo nome em 1947. Nesta operação, 326 casas foram queimadas. Famílias inteiras foram mortas. Muitas mulheres foram estupradas pelos soldados franceses antes de serem mortas. Mais de 300 civis residentes em Mỹ Trạch foram mortos, dos quais 170 eram mulheres e 157 eram crianças.

– Massacre de Thiaroye – Entre 35 e 300 fuzileiros senegaleses foram mortos, executados por tropas coloniais após protestarem pela falta de pagamento dos soldos no acampamento militar de Thiaroye, um vilarejo nos arredores da capital de Senegal, Dakar. Estes senegaleses negros haviam combatido os nazistas junto com os franceses brancos – e eram agora mortos por seus antigos companheiros de farda.

– Em Maio de 1945 o exército francês que colonizava a Argélia cometeu um massacre contra a população muçulmana nas cidades de Sétif, quando esta se revoltou contra o domínio colonial. 45 mil argelinos foram assassinados pelos franceses.

– Em 1947, os franceses esmagaram violentamente uma revolta anticolonial em Madagascar, então colônia francesa. Estima-se um máximo de até 100 mil mortos, além de cicatrizes profundas no povo de Madagascar.

– Os franceses usaram de brutais métodos de tortura para combater independentistas na Argélia e outras colônias. Mais tarde, ensinaram essas técnicas a outros países aliados, como a ditadura militar do Brasil

– Durante a Segunda Guerra Mundial, Maurice Papon foi um colaborador do nazismo. Foi responsável por deportar milhares de judeus franceses para campos de concentração. Na nova França pós-guerra, Papon fez parte do novo governo e se tornou Chefe da Polícia de Paris. Em outubro de 1961, sob seu comando, a polícia de Paris massacrou até 300 imigrantes argelinos. Eles faziam parte de um protesto desarmado e pacífico de cerca de 30.000 argelinos a favor da independência. A polícia de Papon reprimiu os manifestantes, levando-os para as pontes da cidade, onde eles os espancaram brutalmente e depois os jogaram inconscientes no rio Sena. Durante semanas, corpos mutilados por cassetetes e pontas de rifles apareceram nas margens do rio. No ano seguinte, em 1962, 9 manifestantes foram mortos pela polícia de Papon na estação de metrô de Charonne. Papon só seria julgado por seu envolvimento com nazistas no final dos anos 90.

– Para impedir a independência das nações da Indochina e da Argélia, a França declarou guerra aos povos desses países. Milhares morreram. Felizmente, os povos desses países triunfaram de forma heroica sob o colonialismo e o imperialismo.

– Genocídio Bamileke – Um levante armado organizada pela União dos Povos de Camarões (UPC), organização revolucionária de tendência comunista que lutou pela Independência de Camarões. Os franceses reagiram de forma brutal, matando mais de 400 mil camaronenses, sobretudo os da etnia Bamileke, entre os anos 50 e 60. O genocídio ficou esquecido, e somente em 2015, quase 70 anos depois, o governo de François Hollande reconheceu o genocídio e pediu desculpas.

– Mesmo após o fim de suas colônias, os franceses continuaram intervindo na região. A França apoiou ditadores no Gabão, Costa do Marfim, Burkina Faso e Chade, e os usou para derrubar líderes independentistas. A França esteve por trás do golpe em Burkina Faso que assassinou o revolucionário Thomas Sankara. A França apoiou o ditador no Chade durante sua guerra com a Líbia de Gaddafi. A França ainda tem presença de bases e soldados no Senegal, Mali, República Centro Africana, Somália, Costa do Marfim e Gabão. A França ainda explora economicamente países africanos ricos em recursos através de suas empresas, como a gigante do petróleo Total.

– A França se envolveu em todas as guerras da OTAN desde a criação da organização – da qual foi um dos fundadores. Incluindo aí as guerras na Bósnia, em Kosovo, no Afeganistão e na Líbia.

– Os franceses apoiaram o governo genocida Hutu em Ruanda, fornecendo apoio diplomático, armas e até mesmo soldados, inclusive durante o genocídio dos Tutsis – que culpam a França como uma das responsáveis pelo genocídio.

– Os Franceses, junto dos britânicos e Israelenses, entraram em guerra com o Egito na crise do Suez.

– A França se envolveu militarmente em duas guerras civis na Costa do Marfim – a primeira em 2002, a última em 2011

– Junto de EUA, Inglaterra e uma coalizão árabe liderada pelos sauditas, os Franceses fizeram parte da coalizão que invadiu o Iraque em 1990, durante a Guerra do Golfo.

– Junto da OTAN, os franceses interviram militarmente na Líbia em 2011, derrubando o líder líbio Gaddafi, e gerando a atual crise humanitária e guerra civil no país.

– A guerra civil contra Gaddafi gerou um fluxo de armas e soldados a vizinha Mali, que logo depois também enfrentou uma insurgência armada por militantes separatistas e fundamentalistas islâmicos. A França então bombardeou o Mali.

– A França é uma das principais forças que atuam na Guerra Civil da Síria. Desde o início, tem enviado armas e apoio político e diplomático aos rebeldes terroristas, ajudando a prolongar a violência da guerra, além de bombardear território sírio. Muitas dessas modernas armas francesas chegaram ás mãos do Estado Islâmico (Daesh).


E este é só o que conseguimos achar. Com certeza, há mais crimes do colonialismo francês.


Todo mundo já ouviu aquela piadinha de que os franceses são “maricas” e covardes que se rendem. Esta ideia vem principalmente da rendição de Napoleão e da rápida rendição francesa na Segunda Guerra Mundial. Fora da Europa, os argelinos, os vietnamitas, os senegaleses e outros povos colonizados pela França têm uma ideia muito diferente de quão “suaves” e “frescos” são os franceses.


A direita xenófoba francesa reclama que o dinheiro público francês é gasto para sustentar imigrantes. Mas de onde veio esse dinheiro, senão da exploração colonial? A França não tem o direito de reclamar da quantidade de imigrantes que recebe. Especialmente pelo fato de que muitos desses imigrantes foram criados pela própria França. Ou não há nada estranho no fato de que tantos imigrantes vem da Síria, Líbia e Mali depois da intervenção militar francesa nesses países?


Receber esses imigrantes e lhes dar condições de vida decente sem dar um pio é uma obrigação. É o mínimo que eles podem fazer para tentar se redimir pelo que fizeram com suas antigas colônias na África, Oriente Médio, Haiti e Indochina.


E isso vale também pro resto da Europa – principalmente Inglaterra, Alemanha, EUA, Holanda, Portugal, Espanha, Bélgica e Itália.


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