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A sacra burrice de Kim Kataguiri: das diferenças entre os conceitos de “produção” e “produtividade”

(Bruno Torres, 27 de janeiro de 2018).

A partir do debate ocorrido entre o Senador Requião e o jovem Kim Kataguiri, podemos absolver bastante coisa da discussão – em particular, muito mais da parte do líder da Frente Parlamentar Nacionalista do que do garoto liberal do MBL.


É um debate, de cerca de 40 minutos, massacrante para o jovem Kataguiri. Um debate em que sua burrice e incompetência quanto aos assuntos de economia – de conceitos básicos, a propósito! – são desnudados por ele mesmo, ao se enrolar com as palavras e com as categorias teóricas do qual transparece não conhecer.


Quando afirmamos sobre a burrice e a incompetência do garoto de capa do MBL, não estamos falando em termos genéricos de que "ah, se é liberal, com certeza é um burro", mas em termos de fato concretos: o garoto fala e desdiz a todo instante, repede jargões batidos e superficiais do liberalismo quando vai falar de geopolítica e debater soberania e, o que escancara mais ainda, não sabe uma diferença básica de “produtividade” e “produção”.


Kataguiri falou em vários momentos dando a entender que "aumento de produtividade" é necessariamente "aumento de produção", não sabia distinguir estes preceitos básicos das ciências econômicas – e talvez o fato de não ter estudado as ciências econômicas seja uma espécie de “orgulho” para ele próprio, já que as faculdades são centros de “doutrinadores marquicistas do MEC”.


Mas voltemos aos conceitos:


“Aumento de produção” é o puro e simples aumento das mercadorias produzidas. Uma fábrica que produz 1000 embalagens plásticas por dia, passa a produzir 1500 por dia, aumentou sua produção em 50%.


Ou seja, houve um aumento material em termos quantitativos.


“Aumento de produtividade”, todavia, é outra coisa.


Produtividade é a relação da produção com as próprias formas de produzir. Passa pelo incremento e a melhoria qualitativa de como se produz, buscando o barateamento dos custos da produção (por incrementos tecnológicos, demissões e aumento da carga horária sob o mesmo salário, etc.).


Uma fábrica que produz 1000 embalagens plásticas por dia tendo 50 operários, consegue um maquinário novo, mais avançado e que produz as mesmas quantidades de embalagens plásticas necessitando apenas da metade das pessoas que antes geriam essas máquinas. Daí você pode produzir as mesmas 1000 embalagens com apenas 25 operários ao invés de 50 trabalhadores (os outros 25 terão de ser demitidos), reduzindo dessa forma os custos.


Ou seja, o aumento de produtividade não necessariamente pressupõe aumento de produção, e é um aumento em termos qualitativos.


Em síntese: aumento de produção é uma melhoria quantitativa, aumento de produtividade é uma melhoria qualitativa. E ambas, não necessariamente, vão ocorrer ao mesmo tempo.


Quando Kim Kataguiri defende cegamente o fim das legislações trabalhistas, visando um estado de condições legislativas em que viviam por exemplo os operários ingleses no início do século XIX, ele não compreende que problemas de séculos passados vão voltar a se repetir...


Aumentar absurdamente a produtividade (o que não constitui um problema em si), sob a égide puramente da "espontaneidade do mercado", sem que haja uma política pensada no intuito de organizar o trabalho para que a população laboriosa possa manter seus empregos nos ditos "booms de produtividade", é repetir o cenário da mesma fórmula da burguesia inglesa do século XIX. Coisa antiquada e que nem a própria burguesia dos países centrais fazem mais (obviamente que os países centrais buscam reproduzir isso nos países periféricos, mas isto é assunto para outro tópico).


Curiosamente, o Kim Kataguiri cita de forma irônica o fenômeno que existia na Inglaterra como reflexo dessa mesma política econômica que ele está defendendo cegamente: o ludismo.


Kim Kataguiri compara o Senador Requião com os ludistas ingleses, alegando que a crítica do senador nacionalista possui as limitações das concepções dos operários ludistas. Alega que o senador Requião estaria supostamente “defendendo quebrar máquinas porque elas roubariam empregos”. Ora, Kataguiri tenta esconder a fragilidade de seus argumentos e a sua própria burrice teórica, tentando projetar e fantasiar uma concepção “ludista” e “anti-progresso” no discurso do senador. O que só prova, além de sua incompetência sobre conceitos básicos, sua própria desonestidade.


Os ludistas possuíam uma concepção limitada de mundo: achavam que a culpa da perca de seus empregos era das máquinas, e não da ordem social.


Ao invés de se rebelar contra a ordem social que fazia deles mero apêndice da máquina, se rebelavam contra a própria máquina e contra o desenvolvimento de tecnologias produtivas. Os ludistas não tinham ciência que deveriam impor uma nova ordem social do qual a tecnologia produtiva devia servir aos trabalhadores, ao invés dos trabalhadores servirem como meros serviçais da linha de produção. Daí a diferença entre os ludistas para com os militantes e teóricos que pensaram uma outra ordem social (com o movimento socialista). Apesar de não ser um socialista, o senador Requião está, em nível de consciência e compreensão deste fenômeno, muito mais próximo destes últimos do que dos primeiros (os quebradores de máquinas).


Quando Kataguiri ironiza o discurso Requião citando os ludistas, faz como mero exercício de retórica para tentar rebaixar o nível de compreensão do parlamentar, tentando esconder o seu próprio baixo nível de compreensão.


É óbvio que Requião – e nenhum progressista – defende a quebra de máquinas, ou os retrocessos tecnológicos, visando “garantir emprego”. A ideia é justamente alinhar o desenvolvimento produtivo com o desenvolvimento humano. A ideia é justamente por em conformidade os interesses públicos da humanidade, com as melhorias econômicas (no âmbito tecnológico e produtivo).


O que pontuamos é justamente a necessidade urgente que temos de aproveitarmos as melhorias tecnológicas em conformidade com o bem-estar na humanidade e com uma política que vise o emprego. O que o MBL-boy, entretanto, tão somente visa sacrificar qualquer possibilidade que paute a garantia do emprego, ou das condições mínimas de trabalho, em prol do “aumento de produção”, ops, digo, “produtividade” (que, no final das contas, seu cérebro minúsculo força ele próprio a não ter clareza da diferença entre os dois)


Kataguiri acusa a esquerda de ser “contra o aumento da produtividade”. Ora, e por acaso é possível sermos contra o aumento da produtividade (isso é, contra o desenvolvimento das formas de produzir)?


“Aumento de produtividade” é uma consequência quase inevitável do desenvolvimento das forças produtivas. E o desenvolvimento das forças produtivas é uma marcha praticamente inexorável da história humana. Ela é praticamente irrefreável. Não é algo do tipo que podemos ser “contra” ou “a favor”. Ela simplesmente é. É um fato concreto do qual somos obrigados a aceitar, e faz parte do curso “natural” do desenvolvimento econômico das sociedades humanas. É fruto dos próprios embates históricos.


Isto é o básico do básico.


A questão, Kataguiri, não é se somos “contra” ou “a favor” do aumento de produtividade. E a questão não é, também, fazer uma cega apologia de que o “aumento de produtividade” vai ser algo necessariamente “bom” (como vocês, liberais, o fazem), ou se vai ser algo necessariamente “ruim” (como os ludistas ingleses faziam). Isto está fora de cogitação. “Aumento de produtividade” não possui um juízo de valor “bom” ou “ruim” intrínseco e em si mesmo.


O que define se esse curso inexorável do "aumento da produtividade" está sendo algo bom para a humanidade ou algo nocivo à mesma, é a maneira como a sociedade humana vai lidar com este "aumento de produtividade", e não o “aumento de produtividade em si”. O próprio Senador Requião, durante o debate, cita um exemplo clássico de formas distintas da sociedade lidar com isso.


Ele cita o caso do New Deal, fala das concepções de Ford e Roosevelt, e do problema do "aumento da produtividade" com a política da "linha de montagem". Como solucionar? No exemplo citado por Requião: reduzir a carga horária geral de modo que mais trabalhadores possam ser incorporados numa mesma linha de montagem. Já que os que já trabalham lá vão trabalhar menos (pela estipulação de um limite máximo que um trabalhador labuta), sobra horas vagas na linha de produção que podem ser preenchidas com outros operários.


Para ficar mais claro, vamos a um exemplo hipotético, com finalidades didáticas...


Se temos 100 trabalhadores num regime de 8 horas de trabalho, onde desenvolvendo tecnologias, a produtividade aumenta, e o que antes esses 100 trabalhadores produziam em 8 horas por dia, agora nas mesmas 8 horas com novas máquinas aquele mesmo trabalho pode ser feito por 50 operários ao invés de 100!


Na solução liberal, onde não reina uma racionalidade administrativa, mas puramente a "espontaneidade da oferta e demanda", isto significará necessariamente um aumento absurdo do desemprego (a empregabilidade seria reduzida à metade!), além da própria manutenção (ou piora) das condições existentes de trabalho.


Todavia, numa solução racional, em que a sociedade debata problemas públicos de forma pensada, e não deixando problemas como desemprego serem resolvidos "à própria sorte", isto pode significar um aumento do emprego (ou manutenção dos níveis de emprego) combinado com uma melhoria das condições de trabalho.


Assim, precisamos entender as duas soluções possíveis.


1) A solução liberal: Na solução liberal mantém-se as mesmas 8 horas de trabalho (ou até aumenta-se, dado que almejam o esfacelamento da CLT), e o aumento de produtividade vai ser necessariamente aumento de desemprego, afinal, com a melhoria tecnológica sob um regime de 8 horas, de 100 trabalhadores, serão necessários apenas 50 (como já citado anteriormente)


2) A solução racional: Já em uma solução racional (não necessariamente socialista, mas, obviamente, sendo ideal que o seja), pode-se reduzir estas 8 horas diárias para 4 horas diárias! Assim, a fábrica pode até funcionar produzindo durante 8 horas por dia (como antes fazia): basta ter um 1º turno de 4 horas onde se empregam 50 trabalhadores, e depois um 2º turno de 4 horas onde empregam mais 50 trabalhadores.


Em ambos os exemplos a produtividade aumentou, a mesma tecnologia foi inserida em ambas, e a mesma fábrica funciona durante 8 horas por dia! Ou seja, em todos estes elementos, o aumento de produtividade teve estes mesmos sintomas.


Mas, todavia, as duas maneiras como a sociedade lidou com este aumento de produtividade, também acarretaram diferenças: 1) No 1º exemplo (o liberal), apenas 50 trabalhadores são empregados durante todas as 8 horas; 2) No 2º exemplo (o racional), as mesmas tecnologias, a mesma fábrica, funcionando igualmente durante 8 horas por dia, consegue empregar 100 trabalhadores (o dobro de empregados que na solução liberal).


Apostar menos na "espontaneidade" e pensar políticas econômicas de forma racional pode fazer com que os avanços de produtividade estejam em conformidade e harmonia com os interesses da sociedade (e garanto a todos que "emprego" é um interesse público geral).


Obviamente, o exemplo que utilizei de redução de 8 para 4 horas foi abrupto (8 para 4 horas é uma redução pela metade!), mas este exemplo teve fins apenas didáticos. Todavia, a mecânica é a mesma – apesar dos cálculos mais complexos – para as reduções de horas de trabalho que foram conquistadas pelo movimento socialista e sindicalista durante a história, como as conquistas de 12 para 10 horas, de 10 para 8 horas, e etc.


A verdade, Kataguiri, é que a humanidade precisa avançar, olhar seu futuro, e pensar a economia e política de forma racional. Suas ideias não são apenas "perversas", não só visam, como disse nosso Senador Requião, "escravizar o Brasil" (e os trabalhadores simples que são as raízes dessa nação), sua "nova ideia" é também a "velha ideia", é a apologia do progresso com a mentalidade de quem quer regredir a dois séculos atrás.


É da burrice e incompetência de um condutor que quer fazer seu carro andar para frente insistindo em forçar o câmbio do carro na marcha ré – o que não é de se espantar de um moleque com "ares de sabedoria econômica" que não sabe distinguir coisas tão básicas como "produção" e "produtividade".


De fato, a CLT é cheia de problemas, precisa ser não só mudada, como, quem sabe um dia, derrubada. E nós um dia iremos fazê-la. Mas não será para voltar com regimes de trabalho de 10 ou 12 horas diárias. Derrubaremos a CLT, sim, Kataguiri, mas para implantar 7 ou 6 horas de trabalho.


Isto, acredito, não significa muita coisa para você, já que é quem mais se outorga em falar que o fim das regulações vai ser "bom para o trabalhador" (sic!), mas é um jovem vagabundo que nunca realmente trabalhou ou assinou sua carteira.


Neste dia – que sim, será conquistado em um novo Brasil, e em uma nova pátria – caso você não fuja para Miami, talvez queira continuar a "fazer barulho e denúncias no Brasil”, recebendo dinheiro de think tanks, ONGs "humanitárias" e de todos os inimigos da nação.


Daí você, que tanto defendeu fins de regulações e legislações trabalhistas, talvez goste da punição de trabalhar nas condições que defendeu para o resto do povo: mais de 8 horas por dia, talvez picando pedras, em uma Colônia Penal por Reeducação por Trabalho.


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