top of page
Publicações e Posts

Esta é a seção de Postagens e Publicações, partilhadas pelos distintos blogs e mini-sites vinculados ao Jornal A Pátria. Para retornar a seção ou blog que estava anteriormente, basta clicar nela abaixo (ou "voltar" no navegador):
Imagem1.png
zz1.png
NP1 png.png
BGP.png
VAEP.png
Sem título.png

EM
CONSTRUÇÃO

CiroGomes-DialogosUNES-34-868x644.jpg
20476136_1492193220803409_18049806265874
10488323_427544194054900_376632240474063

Apontamentos sobre a “única democracia do Oriente Médio”

  • Foto do escritor: Camarada C.
    Camarada C.
  • 2 de set. de 2018
  • 13 min de leitura

Atualizado: 23 de ago. de 2019


1) Para o boicote, aqui assumindo que o atleta tomou um posicionamento refletido na campanha BDS, não se trata de indivíduos, mas sim do princípio. O atleta representa o comitê israelense. Esse comitê é cúmplice nas violações implicadas no processo ocupação ilegal e no apartheid israelense levado pelo seu governo quando:


a) Não se pronuncia quando o governo israelense usa o esporte palestino como arma de chantagem; b) Israel ataca deliberadamente infraestrutura esportiva palestina; c) Não conta com um só cidadão palestino de Israel em seus quadros, enquanto conta com um bom número colonos (cidadãos que recentemente fizeram a tal da alyiah) vindos de outros países como quase de metade da delegação; d) Promove eventos esportivos em colonatos (ilegais sob o Direito Internacional); e) Não se pronuncia sobre as políticas israelenses no cerceamento de liberdade de movimento dos atletas profissionais e até no confisco de equipamento esportivo; f) Israel assassina atletas palestinos.

A mesma lógica ainda se aplica ao boicote cultural e acadêmico.

O mesmo argumento contra o boicote foi usado pelos africânderes, como parte de uma campanha de deslegitimação da campanha liderada pelos sul-africanos.


2) Embora Israel possua elementos que se assemelham a uma democracia, o mesmo não é uma. Nem constituição que garanta direitos fundamentais Israel tem. Israel, na melhor das hipóteses, é um regime de apartheid com base etno/teocrática. O próprio supremo tribunal israelense não reconhece o termo “israelense” como nacionalidade.


O que Israel tem são eleições, o que é diferente.


No Grande Oriente Médio, os seguintes países têm eleições: Líbano, Síria, Egito, Turquia, Irã, Jordânia, Kuwait, Marrocos, Tunísia, Argélia, Líbia, Iêmen, Bahrain e – pasmem – a Autoridade Palestina (embora Israel boicote o governo, se o resultado não for de acordo com o seu desejo).


Cidadãos Palestinos em Israel são menos do que cidadãos de segunda-classe; são quase cem leis que assim o garante, em um “país” que – de novo – até hoje não tem uma constituição propositalmente.


Palestinos na Cisjordânia vivem no que apenas podem ser considerados bantustões em um esquema sofisticado de muros, checkpoints e assentamentos sob a lei militar israelense, onde crianças podem ser presas indefinidamente a partir dos 12 anos e a ordem geral é de atirar para matar. Seja homem, mulher, criança ou idoso.


Palestinos em Gaza vivem em um gueto que é o maior laboratório armamentista a céu aberto. Entrada e saída de pessoas, bens, remédios e material de construção ficam a critério do ocupador. Nesse gueto de 1.8 milhão de pessoas, mais de 80% da população depende de ajuda externa para sobreviver. 95% da população não tem água potável e acesso a saneamento, o que também acabou por contaminar o pouco acesso que eles têm à costa. Eletricidade é luxo. Lembrando que, nesse gueto, cerca de 45% das pessoas tem entre 0 e 14 anos. Nesse gueto, seguindo a tradição israelense, é promovido a cada dois anos das carnificinas e ondas de destruição mais covardes testemunhadas na história moderna, onde convenções, tratados, acordos e leis simplesmente não se aplicam.

O Relatório Goldstone poderia ser facilmente considerada uma obra de terror.

Além do que, Israel insiste no nonsense de querer ser reconhecido como “Estado Judaico” e ao mesmo tempo se declarar uma democracia. Não dá, tem que escolher.


3) Sem justiça não existe paz. A ideia de que se os palestinos se submeterem ainda mais a paz virá magicamente sem qualquer tipo de contraponto, é ridícula.


4) Sisi pode fazer o acordo que for com Israel, isso não torna o regime mais legitimo aos olhos da população. A causa palestina é sempre popular e está baseada na sociedade civil de países ao redor de todo o mundo. Do Egito ao Japão existem campanhas BDS.


5) Antissemitismo (já que falamos de ódio) é de fato uma questão séria nos dias de hoje. Israel, aliás, parece engajado em um discurso para vulgarizar o problema, o que é um prato cheio para os antissemitas de verdade.

É doente, mas lidar com antissemitas nunca foi um problema para Israel.

Desde Avraham Stern e Operação Balak (onde Israel secretamente comprou armas de remanescentes do regime nazista na Checoslováquia em 1947), até a aproximação da direita europeia e a criação de sua base moderna na comunidade cristã neopentecostal ocidental (que apoia Israel única e abertamente por seus anseios messiânicos). A campanha se trata de palestinos, e não de israelenses.

Assim como na África do Sul se tratava dos negros, e não dos africânderes.

Os palestinos se organizaram, montaram um campanha e pediram por ajuda após décadas sendo negligenciados.

Se o país ocupador se chamasse Gazopazorp e se declarasse como um “Estado Pastafariano”, a campanha ia ser a mesma.

Existem campanhas similares contra a ocupação do Tibet, do Saara Ocidental e da Caxemira, por exemplo. Não é uma exclusividade israelense.

A ideia é de que a mudança precisa vir de dentro, mesmo que à força.


6) Judeus no Oriente Médio, durante o período pré-Israel, eram considerados cidadãos integrais de seus países, do Marrocos ao Iraque. Fora que, historicamente, na Europa Medieval, quando judeus eram perseguidos, foram árabes que os receberam. Durante a Segunda Guerra, apesar das ocupações, árabes também estenderam a mão para judeus. Mais uma vez, o problema não é ser “judeu”, é ocupar, desapropriar, violar e destruir todo um povo da região, criando um caos para palestinos e países vizinhos.


7) Palestinos não tem exército. Palestinos “sentam, conversam e fazem acordos” há 70 anos. Só existe um povo sendo empurrado para o mar e não são os israelenses.


8) Golda Meir também produziu as seguintes pérolas:

– “ Esse país existe como um cumprimento de uma promessa feito por Deus pessoalmente. Seria ridículo o pedir responsabilidade por sua legitimação.”

– “Palestinos não existem.”

– “Paz virá quando árabes amarem mais seus filhos do que eles nos odeiam.”

– “Nós sempre dizemos que em nossa guerra contra árabes, temos uma arma secreta – sem alternativas.”


9) Estamos em 2016. Culpar a vítima é tão démodé. Vamos lá, normalmente eu não me engajo nesse tipo de debate barato, mas vou aproveitar a oportunidade didática porque o assunto tá em pauta de novo.


10) As críticas ao BDS costumam ser irrelevantes, já que se baseiam em uma ideia distorcida e em meias verdades sobre o movimento. Basta abrir o site oficial do movimento e ler a missão. Leva 10 minutos. O que há de hipócrita em um movimento liderado pela sociedade civil palestina para o isolamento econômico, político, cultural e acadêmico de Israel até que se resolva a situação territorial, da ocupação e dos refugiados?

11) A ideia de que se possa justificar a opressão que os palestinos sofrem com qualquer alegado avanço científico ou tecnológico (que é extremamente discutível) de Israel, é um conceito racista e desumanizador. A ideia de que Israel é necessário para a tecnologia, é um mito. Não há nada que não seja pesquisado e desenvolvido em Israel que não possa ser, esteja sendo feito ou já foi feito em outro país. Por exemplo, painéis solares. A primeira célula-solar foi inventada por um russo nos finais do século 19, e patenteada por um norte-americano no mesmo período. Muito antes de Israel. Esse tipo de deflexão tem um nome interessante em inglês: “whataboutery”, o que basicamente é apontar para o outro lado em ordem de fugir do assunto. O BDS visa boicotar bens e empresas que usufruem ou são complacentes com a ocupação. Todas as empresas israelenses são boicotadas (principalmente se em colonatos), mas nem todas as empresas boicotadas são israelenses.

A intenção é atacar onde dói: no bolso.

Nada diferente da campanha BDS contra a África do Sul durante aquele apartheid, quando Israel foi o único país que continuou a manter relações com aquele regime. A campanha tem funcionado e crescido exponencialmente no mundo todo, embora continue ganhando imprensa negativa.


12) “Whataboutery”. Poderia citar aqui todos os massacres israelenses desde 1947, mas não vejo o ponto. Não concordo com ataques contra civis, se é isto que está procurando, e nem vou tentar justificá-los,. E a história de Munique é um tanto mais complexa que essa. Mais uma vez: não existe simetria. A questão não é uma guerra ou sequer um conflito sob a ótica moral ou do Direito Internacional.


13) Pinkwashing é hasbara e está incluso no programa oficial do “Brand Israel”. O debate no Brasil sobre a questão anda meio atrasado, mas aqui fora esse mesmo tema já está incluso em campanhas LGBT dentro do BDS. Organizações LGBT no mundo todo denunciam o esquema e começam a pedir o boicote da Parada. Dentre essas organizações LGBT estão as palestinas al-Qaws e Palestian Queers for BDS. Por que não ouvir que eles tem a dizer? Justificar, de novo, a opressão dos palestinos usando a história de luta por justiça e igualdade de toda uma comunidade, é baixo, hipócrita (agora sim, usado corretamente) e já está ficando desgastado. Fora que toda essa noção rocambolesca e orientalista sobre a questão LGBT na Palestina é um bocado racista.


14) Estive lá por duas vezes antes de ser banido por cinco anos em 2009. Estive em Haifa (de onde a minha família foi expulsa) e Nazaré onde pude conversar com os cidadãos palestinos e sentir o clima de medo e isolamento que parece ser perpetuo. Estive também na Cisjordânia, onde pude presenciar em primeira mão o impacto do apartheid, com seus muros e checkpoints. O impacto que o crescimento de colonatos ilegais tem na vida cotidiana palestina, desde o acesso à água potável até liberdade de movimento. A repressão violenta contra protestos pacíficos em vilas como Bil’in, as incursões em casas de família durante as madrugadas em Silwad e a segregação violenta promovidas por judeus extremistas em al-Khalil (Hebron) e o racismo explicito em Jerusalém foram também muito esclarecedores. Mas mais importante, estive em Gaza como voluntário pela ISM durante os ataques israelenses entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, o que me valeu a necessidade de terapia para TEPT até muito recentemente.

Cidadão palestino de Israel não tem “problemas”, tem é apartheid.

O risco de não se estudar sobre determinado tema antes de emitir uma opinião forte sobre o mesmo, é parecer vulgar.

Cidadãos palestinos não têm o mesmo acesso a bens e serviços que os cidadãos israelenses. Isso é uma mentira. É desonesto e é ofensivo.

Os sistemas de saúde e ensino são segregados (essa segregação permite condicionar o alocamento de recursos consoante o status da “nacionalidade”), o acesso ao ensino superior é restrito, o direito à propriedade é ausente, participação política é condicionada, reunificação familiar é proibida e manifestações culturais são banidas.


Como resultado das políticas segregacionistas dentro de Israel, o analfabetismo atinge 13.4% das mulheres palestinas e 5.5% dos homens (contra 3.5% das mulheres israelenses e 1.9% dos homens), menos de 3% dos palestinos tem acesso ao ensino superior, a renda de um palestino é cerca de 45% inferior a de um israelense, 53.5% das famílias palestinas se encontram em situação de pobreza (contra 20% das israelenses), 36 das 40 cidades em Israel com o maior índice de desemprego, são árabes. A expectativa de vida de um homem palestino em Israel é 4 anos mais curta do que a de um israelense, para mulheres essa diferença é de 3,6 anos. O índice de mortalidade infantil palestino a 6.5 para cada 1,000 nascimentos é mais do dobro da contraparte israelense.

O cidadão palestino de Israel é cidadão de segunda-classe, e como eu disse são cerca de 100 leis que assim o garantem.

O país não tem um constituição justamente para manter esse status-quo, onde o racismo institucional e estrutural da sociedade israelense não fere lei alguma. O termo “israelense” não é considerado uma nacionalidade por essa razão, e isso quem afirma é o Supremo Tribunal daquele país.

Então não, sob nenhum aspecto da ciência política, o estado israelense é considerado uma democracia.


15) O Hamas (acrônimo para Harakat al-Muqawama al-Islamiya, e não «hammas» que é “assar” em árabe) é um partido político, legitimamente eleito pelos palestinos em eleições livres, justas e observadas internacionalmente.

O Hamas não investe em nada, porque não tem dinheiro para isso. A Autoridade Palestina, seguindo a chantagem israelense, boicota o governo de Gaza e não faz o repasse dos fundos o que acaba por impossibilitar a manutenção de infraestrutura básica e pagamento de funcionários. Isso quando Israel mesmo não congela o repasse das verbas.

Apesar de pessoalmente, como ateu e anarquista, não aprovar o Hamas, consigo reconhecer o esforço que o mesmo colocou em se moderar, esboçando vontade para um diálogo mediado, mudando o tom da sua carta fundamental e respeitando os acordos de cessar-fogo.

O Hamas não é o único partido ou grupo que está engajado na resistência em Gaza, existe mais de uma dezena deles. E se o Hamas ainda é popular hoje em Gaza, é justamente pelo seu papel na resistência armada e não em seu papel como partido, que atualmente tem sido visto como entreguista.

Não existe “armamento pesado” em Gaza.

Trata-se de uma população civil que improvisa “foguetes” na garagem de casa usando latas de tinta moldadas, contra um exército que só ataca Gaza porque é uma excelente oportunidade para sua indústria armamentista. Ataca por terra, céu e mar, e não raramente faz uso de armamento moderno e proibido por lei.

Os tais dos foguetes de Gaza não são “importados”, são caseiros e em sua maioria sequer levam carga explosiva, dependendo do próprio peso para fazer algum estrago.

A grande maioria cai em território palestino, na zona tampão ou em algum colonato ilegal na fronteira com Gaza. Enquanto em Gaza, 98% do território sofre algum tipo de ataque. Isso é assimetria.

Os “túneis do terror” são utilizados como bunkers, para a entrada e saída de pessoas (principalmente as que procuram cuidados médicos no Egito), água, alimentos, combustível, materiais de construção, peças para carros, material hospitalar, de higiene, medicamentos, outros bens banidos por Israel (como chocolates) e sim, em uma escala infinitamente menor, armas. Essas armas e munições são de médio alcance e calibre (pistolas e rifles), não perfurantes, com mais de 30 anos e usualmente se esgotam entre a primeira semana e a segunda semana de combate.

Não existe absurdo nenhum nisso já que, como disse, o direito palestino de resistência não é só moral mas também legal.

O Direito Humanitário Internacional, através de dispositivos da Quarta Convenção de Genebra e da Declaração sobre a Concessão de Independência aos Países e Povos Coloniais, assim como das Resoluções A/RES/33/24 (29/11/1978) e A/RES/3246 (29/11/1974) da Assembleia Geral da ONU, garantem o direito legitimo e inalienável dos palestinos de resistirem a ocupação israelense, por quaisquer meios. Armado inclusive. Ou seja, tua definição de “terrorismo” não só é equivocada mas como é desonesta. Túneis de contrabando não são uma novidade, ou uma invenção palestina. Durante a história moderna, tuneis foram usados com o mesmo propósito no Vietnã e no Gueto de Varsóvia, por exemplo.


A demonização desses tuneis serve dois propósitos: esconder a necessidade deles e garantir o consentimento da opinião pública.


O engraçado é que em mais de 10 anos estudando história e política moderna da Palestina e debatendo a questão mundo afora, era de se esperar que a narrativa israelense (e apologistas) ficasse mais sofisticada com o tempo, mas esse não é o caso. O grande trunfo de Israel definitivamente é a ignorância alheia.


Qual o próximo tópico desse hasbara-throw-around? – Palestinos usando crianças como escudo-humano? – A Carta do Hamas? – O shopping em Gaza? – Caixas e mais caixas de armamentos iranianos interceptados no porto de Haifa? – Que trezentos milhões de crianças morreram construindo os tuneis? – Que Israel está exercendo o seu “direito de defesa”? – Como o governo do Hamas embolsou dinheiro da ONU? – Como palestinos recusaram ofertas generosas feita pela comunidade internacional? – Que os palestinos deixaram a Palestina em 48 por ordens de seus líderes? – Que nunca houveram massacres em 47/48? – Que Israel só está inteiro por conta do Iron Dome? – Que o muro é para segurança? – Que os palestinos estão melhores assim do que sob uma liderança própria? – De que Israel é a muralha que previne o terrorismo de chegar no ocidente, logo é necessário?


16) Pode riscar o “escudo-humano” do bingo da hasbara.

A única evidência de tal prática encontrada por observadores internacionais mostra Israel usando palestinos como escudos-humanos, o resto é desinformação e racismo teu.


17) Dhimmi, árabe para “protegido”, não era imposto mas sim um status. O imposto era chamado jizyia, e era um substituto (e não um complemento) do zakat pago pelos muçulmanos.

A jizyia era cobrada apenas para homens em “idade militar”, sendo que crianças, mulheres, idosos, doentes, deficientes e religiosos eram isentos.

Ainda a ahl al-ḏhimmah (plural de dhimmi), tinha a liberdade religiosa, de associação e não era necessariamente sujeita à sharia. Judeus, por exemplo, podiam montar seus tribunais haláchicos para assuntos de sua comunidade.

Membros da ahl al-dhimmah floresceram, inclusive academicamente, mesmo com todas as restrições do califado que, concordo, era longe de ser um ideal para o século atual.

Não que eu concorde com o regime do califado, mas achei interessante a correção já que costuma se dizer que árabes “nunca” quiseram judeus por lá, embora sempre lá estiveram.


18) De novo, essa ignorância histórica é tão cômica quanto é constrangedora. Historicamente não existem relatos ou evidências de uma grande transferência de populações na região da Palestina antes da fundação de Israel. Israel é o único caso onde a população nativa foi removida e substituída, antes disso toda a historia da Palestina (antiga e moderna) se deu através de assimilação de povos.

A matemática é básica, e estudos de mapeamento genético confirmaram mais tarde: os palestinos são o resultado de miscigenação de séculos entre os diferentes povos que habitaram a Palestina. Filisteus, Hebreus, Fenícios, Gregos, Babilônios, Egípcios, Romanos e Árabes são parte da mesma linhagem genética do povo que continuamente habitou a região até a fundação de Israel. Lembrando também a que Bíblia não é documento histórico. Logo, ninguém tem mais “direito” a estar lá do que os próprios palestinos.


19) Primeiro que os palestinos não quiseram sair de sua terra, mas fora forçados à isso de maneira abrupta no espaço de um ano. Enquanto isso, muitos dos árabes judeus que deixaram suas terras com destino à Israel vieram por iniciativa própria, por iniciativa do recém-formado estado israelense. Alguns vieram por vontade própria, outros não. Muitos deles tinham vidas confortáveis em seus países, enquanto outros sofreram injustamente as consequências das atitudes de Israel.

Israel não viu problemas em ajudar a aterrorizar as populações judaicas daqueles países (i.e.: Bagdá e Cairo), para justificar suas políticas e ocupar a terra palestina na altura.

Esse segundo processo, ao contrário do palestino, durou mais de 30 anos. Árabes judeus como Yisrael Yeshayahu e Ran Cohen na altura renegaram o rótulo de “refugiados”, e determinaram sua vinda para Israel como sendo ambições messiânicas e colonialistas.

Fora que apontar para esses casos para justificar a Nakba é ilógico. O direito de um grupo de refugiados – nesse caso dos palestinos, garantido pelo Direito Internacional – não pode ser simplesmente anulado por conta da injustiça para com outro grupo. Os palestinos não foram responsáveis por injustiças com judeus em outros países árabes, o problema dos refugiados palestinos se deve unicamente às lideranças sionistas que proibiram o retorno dos mesmos para suas casas.

Interessante justamente trazer a tona o caso dos Mizrahim do Iêmen daquele período. Alguma notícia dos filhos deles que “sumiram”?


20) Sim, inequivocamente, Israel é o vilão.


21) No mundo real, “abaixar armas” nunca resolveu nada para quem exerce o direito de resistir. Pode procurar.


22) Todos os dados sobre os cidadãos palestinos de Israel são do Ministério do Interior Israelense.


23) Todos os dados e fatos de Gaza podem ser encontrados em relatórios publicados pela ONU, Anistia Internacional, Cruz Vermelha, HRW, Médicos Sem Fronteiras e Defense for Children.


24) Todos os fatos históricos podem ser verificados em qualquer livro sério de Introdução Básica à História do Oriente Médio.


25) Achei que o anti-intelectualismo e a relativização da injustiça fossem fenômenos restritos à direita no Brasil, errei.


26) Esse tribalismo todo tem nome: racismo.


27) Assimetria: não se pode vir armado com uma baguete para uma luta de drones.


Comments


bottom of page