Bolsonaro: a antípoda de tudo aquilo que os próprios bolsonaristas reivindicam
- Jornal A Pátria
- 27 de out. de 2017
- 4 min de leitura
(Bruno Torres, 27 de outubro de 2017).

Bolsonarismo é nada mais do que a defesa agressiva da antípoda (o contrário, o oposto) do que eles mesmo exaltam:
1) A “moral e os bons costumes” projetada no presidenciável que confessa ter “atos sexuais” com galinhas.
2) A “moralização da política e do combate a corrupção” projetada em alguém que está na lista do Furnas e recebeu indiretamente propina da Friboi por meio de triangulação financeira com o fundo partidário do PP. E ainda admite parcialmente: “qual o partido que não recebe propina, né?”
3) O “nacionalismo” de um vende-pátria que quer vender nossos recursos ao estrangeiro a preço de banana, além de entregar a floresta Amazônica e rifar os direitos trabalhistas e nosso erário público aos grandes monopólios e ao rentismo (e não há nada mais antinacional que o rentismo!).
4) O patriota e militar que presta continência em situações não oficiais à bandeira dos EUA, mesmo sabendo que é uma atitude ilegal (e antipatriótica), mas mesmo assim o faz, porque é um bom servo dos inimigos de nossa nação.
Ou seja: você, eleitor do Bolsonaro, é parte fundamental de um fenômeno que se sustenta na exaltação das categorias e dos rótulos de tudo aquilo que você não faz.
É a crítica da “sociedade de merda” por meio da defesa agressiva e violenta da “sociedade de merda“.
A crítica da decadência por meio da prática decadente.
Uma reação à crise dos princípios democrático-liberais que embasam o atual estado de coisas, edificando princípios ditatoriais, para sustentar e defender violentamente justamente o mesmo atual estado de coisas.
O bolsonarismo, na prática, é a contrário daquilo que eles mesmo reivindicam. Ou seja: o bolsonarismo prático, o bolsonarismo real, é a antípoda do bolsonarismo “ideal”.
Ele é a consumação da incoerência e da hipocrisia. A demagogia política brasileira elevada aos mais altos patamares. Um fenômeno peculiar de nossa crise política e de valores.
Qual a solução para a falsa moralidade e para o falso nacionalismo do fenômeno bolsonarista? A verdadeira moralidade e o verdadeiro nacionalismo.
Qual a verdadeira moralidade?
A moral revolucionária, a moralidade calcada em bases concretas e racionais. Que busca a realização do homem político virtuoso, com respeito a coisa pública e que tenha bases sólidas nos interesses concretos dessa sociedade. A moralidade que surge como crítica da moralidade conservadora, mas ao mesmo tempo critica o niilismo moral e a ausência de qualquer moralidade.
E qual o verdadeiro nacionalismo?
Aquele que crítica a dependência e quer verdadeiramente a independência. O que defende a emancipação nacional e o fim das algemas contra nossa nação, e que faça o povo brasileiro se realizar de forma plena em comunhão com os outros povos, em um nacionalismo que respeita e constrói a comunidade internacional (complemento do internacionalismo), e não do nacionalismo de fachada que se limita a vocalizar ódio contra imigrantes e a usar uma cor ou uma estética para fins eleitorais.
Bolsonaro é um esterco demagogo e vazio porque não possui um, nem muito menos o outro.
O bolsonarismo, portanto, não constitui como um movimento real da defesa da moral e da nação, mas sim como justamente a não realização disso. Assim, portanto, o bolsonarismo não é um movimento, mas um antimovimento.
A chegada desse fenômeno as esferas do poder político, a médio e longo prazo, representará a aplicação dessa mesma demagogia de retórica violenta e extremada. Seria seu fim e seu esgotamento.
Por que?
Porque prometeu defender a moralidade sendo um imoral e prometeu acabar com a corrupção coadunando e participando indiretamente dela. Porque prometeu defender a nação à vendendo e prometeu defender a pátria à traindo.
Porque prometeu acabar com o crime incitando políticas que fustigam o próprio crime (não só na sociedade civil, mas nos próprios organismos de segurança). Porque defende a tortura aos “terroristas comunistas” tendo sido forçosamente aposentado do Exército justamente por realizar intentos de terrorismo contra quartéis!
Porque o político é um homem coletivo de respeito a coisa pública, e Bolsonaro edifica a sua carreira parlamentar movido pelos interesses do próprio umbigo e dos párias de sua família.
Por isso, enquanto política de Estado o bolsonarismo logo entraria em crise, numa crise política semelhante com a qual estamos passando agora. A diferença é que suas inconsistências são mais evidentes e sua hipocrisia se desgastaria muito mais rápido.
Sua retórica violenta e mal elaborada, com sua estética “de moral e da pátria” esconde um homem frouxo e incompetente.
Bolsonaro, em linguagem vulgar, “não tem culhões” para ser líder da nação brasileira. Sua moral é de botequim, seu patriotismo é de conveniência.
Quem, sinceramente deseja alternativa à atual crise política e moral do Brasil, visando Bolsonaro, é um iludido ludibriado ou um frustrado inimigo do próprio Brasil – não há meio termo.
O bolsonarismo precisa ser desmascarado, ser esmagado em suas entranhas. Precisa ser vilipendiado como a desgraça imoral e antinacional que ele é. Precisa ser dissecado em todas suas incoerências e hipocrisias.
O único destino justificável do bolsonarismo é ser tapete do povo brasileiro, sendo pisoteado por um povo que se agarre aos seus interesses nacionais.
Quem pode fazê-lo não é a “esquerda” que se submete a palavras bonitas de “flores e amor”, dos conciliadores que renegam o confronto e qualquer violência.
Quem pode fazê-lo não são pessoas com “fetiche por pobre” fantasiadas como hippies de bairro nobre.
Quem irá fazê-los são os que realmente defendem um projeto de Nação, com um programa alinhado ao povo brasileiro, que tenham justeza e firmeza moral, e que não se furtem do confronto e aos sacrifícios que isso pode exigir.
O bolsonarismo será esmagado, não com flores, mas pela força.
Pelas armas da crítica e, se necessário, pela crítica das armas.
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