Desemprego: lado a lado ao Capitalismo
- Jornal A Pátria
- 13 de ago. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de dez. de 2019
(Vinícius Fontoura, 19 de maio de 2018).

No capitalismo o desemprego aparece pela primeira vez como uma característica necessária. Para se entender o porquê dessa afirmação é preciso entender o significado do conceito de Exército Industrial de Reserva.
Rosa Luxemburgo destina um capítulo sobre o trabalho assalariado em seu livro ‘Introdução a economia política’, e neste caso, tratamos mais especificamente do subcapítulo ‘a formação do exército de reserva’, em que Luxemburgo nos dá uma breve contextualização seguida de uma definição.
“[…] o que só a produção capitalista criou e que era completamente desconhecido de todas as épocas anteriores, é o ‘não-emprego’ e consequentemente o ‘não-consumo’ dos trabalhadores, como fenômeno permanente, aquilo que denominamos o exército de reserva dos trabalhadores”
Então, para quê precisa existir o exército de reserva dentro do capitalismo?
1- No capitalismo existem aqueles que possuem meios de produção (fábricas, empresas etc) e aqueles que não possuem. Ao primeiro caso chamamos de capitalistas, ao segundo caso – e especificamente daqueles que não possuem nada além de sua própria força de trabalho – damos o nome de proletariado.
2- Como se sabe, os donos de grandes empresas – e segundo a própria lógica do mercado – buscarão sempre as melhores alternativas para aumentar seus lucros e reduzir seus custos. Portanto, nesse último processo os trabalhadores e desempregados são os principais afetados.
3- Buscando a redução de custos e aumento de lucros, o capitalista buscará sempre pagar o menor salário possível ao seu operário, e é aí que entra a necessidade de uma massa de desempregados.
4- Como há uma “negociação” entre trabalhador e capitalista, o trabalhador pode recusar o emprego caso não aceite os termos colocados no contrato. Entretanto, este mesmo trabalhador encontra-se na posição de não-escolha a não ser vender seu trabalho para algum capitalista, ou seja, uma falsa liberdade. No primeiro livro de ‘O Capital’, Marx já dizia:
“[…] descobre-se que o trabalhador já não é um agente livre; que o tempo pelo qual é livre de vender a sua força de trabalho é o tempo pelo qual é obrigado a vendê-la”
5- O desemprego é necessário para o capitalismo aí, já que, caso o primeiro trabalhador não aceite este trabalho, há um segundo trabalhador desempregado que pode aceitar o mesmo valor recusado pelo primeiro. Desta forma, o capitalista consegue reduzir custos mantendo a mão-de-obra.
O capitalismo não existe como um modo de produção que pretende superar a pobreza e a fome, mas como um modelo que precisa da miséria de alguns para se manter. Como um modelo que vez ou outra cede algum “benefício” aos trabalhadores para manter a si mesmo enquanto modelo atual, quase como uma política de pão e circo.
O capitalismo não serve aos trabalhadores, ele nada mais é do que as suas correntes.
Vinícius Fontoura
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