A Influência do poder naval sobre a história – perspectiva da geopolítica dos mares de Alfred Mahan.
- Guilherme Melo
- 26 de jan. de 2023
- 3 min de leitura

O mar, fenomenologicamente falando é uma rodovia, ou um bem comum, do qual todos tem acessos e que pode servir de acesso a todas as direções, este é o seu objetivo político, a expansão e a conexão entre mares e povos, a história mundial só vem a existir a medida que consegue ser uma história das relações entre povos e culturas, seu encontro global, só vem a ser quando supera as fronteiras territoriais dos continentes e vem pelo mar.
A vantagem do acesso ao mar em relação ao transporte terrestre, no período das grandes navegações se davam ao fato das estradas serem de péssimas condições e a Europa ser fragmentada em guerras, conflitos como a guerra dos 30 anos e outros demais conflitos regionais e dinásticos, que atrapalhavam o transporte de bens e pessoas.
O comércio interno de uma nação também abrange os rios navegáveis pelo interior do país, quando melhor, acessados pela costa, integrando todo o território e o mercado, essa vantagem deu a Holanda uma liga comercial germânica com a Alemanha, onde circulava seus produtos manufatureiros, futuramente exportados para a Inglaterra, até o surgimento de medidas protecionistas e a expulsão da Liga Hanseática.
Tais navios que trafegam os oceanos, precisavam de portos seguros, o que permitiu ainda o desenvolvimento de uma marinha militar associada a marinha mercante, com o fim de proteger os produtos manufaturados do país, principalmente no período do mercantilismo, onde o importante era alcançar êxito na balança comercial favorável, exportando mais que importando.
Ademais, em outro período histórico doravante, o do final do século XVIII e início do século XIX, atingiu-se a maturidade política devido ao comércio internacional entre o mundo europeus e as índias orientais, que era necessário estabelecer colônias nos países com cidades portuárias, para adquirir seu controle político sobre os mares, novamente haveria a condição imperial de conquistar o Mare Nostrum.
Assim, surgiu a demanda por postos ao longo das rotas, como Cabo da Boa Esperança, Santa Helena e Maurício, não necessariamente para o comércio, mas para a defesa e a guerra; criou-se a demanda pela posse de locais como Gibraltar, Malta e Louisburg, na entrada do Golfo de St. Lawrence, locais cuo valor era principalmente estratégico, embora nem sempre. Colônias e postos coloniais eram algumas vezes comerciais, outras de caráter militar. (BARACUHY, 2021, p.59)
A hermenêutica das nações marítimas consiste no volume da sua produção interna, em um teor mercantilista, na busca pelas trocas comerciais e no transporte pelo qual o comércio é realizado, a busca por esses novos mercados foi feita sobretudo para escoar a produção de larga escala do modelo fabril do século XIX, após as crises de superprodução.
Essa infraestrutura econômica deliberou sistematicamente uma paz armada nos mares, se fez necessário constituir investimentos militares para uma paz armada nos mares, era mais que necessário uma preocupação de como transportar, mas ter a certeza que a embarcação chegaria segura ao seu porto de destino, isso provocou uma paz armada nos mares e fomentou o imperialismo.
Ademais, Alfred Mahan citou causas e fatores pelos quais um povo pode ser mais ou menos influenciado a ir aos mares, seriam estes; a posição geográfica, características físicas, extensão territorial, tamanho da população e o tipo de governo, fatores estes quando combinados calibram a política externa em relação aos mares.
Pode-se apontar, em primeiro lugar, que, se uma nação estiver situada de maneira a não ser forçada a se defender por terra nem induzida a expandir seu território, ela tem, pela própria natureza marítima de seu caráter, uma vantagem em comparação com um povo cuja fronteira é continental. (Ibid. p.60)
Uma nação, que não esteja induzida a expandir seu território pelo continente é claramente uma ilha, cuja expansão se dá naturalmente por uma vocação marítima, essa claramente foi uma vantagem inglesa, as invasões do norte europeu, dos povos vikings no século XIII obrigou ao reino inglês a constituir uma marinha militar para que não houvesse uma penetração inimiga de seu território.
Porém, no período do mercantilismo e do início da modernidade, a Inglaterra teve uma vantagem sobre a França e a Holanda, enquanto os dois países precisaram focar nos sus exércitos, o primeiro por conta de uma guerra civil e dos 30 anos, e a Holanda por busca de sua independência do reino da Espanha, a Inglaterra pode focar nos mares.
A conclusão que se debruça sobre o texto, que o período das grande navegações, a era colombiana, segundo Mackinder, permitiu alavancar a política mercantil de acumular moedas e metais nos bancos nacionais, o que permitiria um proto-capitalismo, este quando maduro, também por meio da industrialização em larga escala obrigou a busca por novos mercados, que demandou um violento processo de colonização na África e na Ásia, constituindo assim um mundo verdadeiramente interdependente e com um grau de sensibilidade econômico e político das decisões tomadas em qualquer lugar do mundo.
Referências
Os fundamentos da geopolítica clássica: Mahan, Mackinder, Spykman / Organizador Braz Baracuhy. – Brasília, DF: FUNAG, 2021, p.59, 60.
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