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O encontro de George Bush pai e Aécio Neves



Em maio de 2004, a revista IstoÉ Dinheiro publicou uma glamourosa reportagem sobre o mega empresário brasileiro Mário Garnero que, aos olhos de muitos de nós mortais brasileiros, poderia fazer sentir até mesmo certo orgulho, pelo prestígio que muitos compatriotas foram capazes de conquistar no cenário internacional, frequentado pelos mais ricos e poderosos homens do planeta. Serviu até para matar a saudade da época em que tínhamos um Presidente, que desfilava pelo mundo, exibindo a imagem altiva e aculturada de quem tinha o respeito e a receptividade entre os grandes líderes mundiais, e que todos nós achávamos que fosse em nome do Brasil e dos brasileiros. Nunca foi. Falo de FHC, é claro.


Foram três dias em que os melhores salões da corte inglesa receberam o invejável grupo de conselheiros de Garnero. O primeiro evento foi um almoço no salão de recepções do Palácio St. James, em Londres, de propriedade de Lorde Jacob Rothschild, decano da família de banqueiros mais influente do mundo nos últimos dois séculos. Na ocasião, o príncipe Andrew em pessoa disse à reportagem que Mário Garnero era um exemplo de como o Brasil poderia liderar a aproximação comercial entre o Ocidente e os novos mercados do Oriente e que caberia aos brasileiros “um papel estratégico no novo cenário das relações comerciais internacionais”.


O Palácio, que só é aberto em ocasiões especiais, naquele 16 de maio de 2004, foi o cenário de mais uma edição do encontro anual do Conselho Internacional do Brasilinvest, um banco de negócios que está à frente de investimentos bilionários por todo o mundo (cerca de US$ 3 bilhões, segundo à reportagem). O grupo de conselheiros inclui, além do próprio Jacob Rothschild, seu filho Nathanael (40 anos), que preside o fundo Atticus, com US$ 3 bilhões em ativos; o sheik Salman Bin-Khalifa Al Khalifa, vice-presidente da estatal petrolífera do Bahrein (cuja produção de óleo é três vezes maior que a da nossa Petrobras) e Youssef Hamada Al-Ibrahim, ex-ministro das finanças do Kuwait, ambos representantes dos petrodólares do Oriente Médio.


Tem mais. Pela China, David Tang, o Rei da seda e sócio de um verdadeiro império no varejo de luxo. A antiga URSS também está representada pelo líder mundial na produção de alumínio, Armen Sarkissian, e pelo ex-primeiro ministro da Armênia, Oleg Deripaska. Mais conhecida como a Dama de Ferro, a ex-primeira-ministra da Inglaterra, Margareth Thatcher também faz parte do seleto grupo.


Compareceram como convidados o ex-presidente norte-americano George Bush (o pai) – como homenageado - amigo dos Garnero há três décadas; Javier Valls Taberner, controlador do terceiro maior banco da Espanha, o Banco Popular; e ninguém menos que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a quem Garnero apresentou a Bush como provável futuro presidente do Brasil. Foi levado a sério: durante os dias seguintes, o ex-presidente americano desfilou com um broche da bandeira de Minas Gerais e, ao discursar, no salão real, citou a presença do “futuro presidente do Brasil”.


O local ficou marcado na biografia de Bush como o palco de uma reunião histórica da cúpula do G7, o grupo das nações mais ricas do mundo, em julho de 1991, quando o então Presidente norte-americano encontrou-se com Mikhail Gorbachev, à época líder da União Soviética, e fizeram um acordo para encerrar a era da Guerra Fria. Em dezembro daquele ano, Gorbachev seria deposto e a União Soviética desmantelada.


Lorde Jacob Rothschild considera Granero como um quarto filho. Além dele, Mr. Rothschild também tem laços fraternos com a família brasileira dos Safra – do Banco Safra. Os tentáculos do Lorde inglês espalham-se pelo mundo: Rupert Murdoch, o rei da mídia australiana, por exemplo, o elegeu como tutor de seu filho James (33 anos), no comando da TV por satélite BSkyB – que, hoje, no Brasil, detém cerca de 90% do controle da TV a cabo, depois de ter encampado a DirectTv e parte da Globo Sat. Mikhail Khodorkovsky, do grupo petrolífero Yukos, apontou seu nome como uma espécie de administrador de seus negócios bilionários, enquanto estava na prisão, sob acusações de fraude e sonegação. Outro russo, Deripaska (já citado), negocia com Rothschild o lançamento de um fundo para investimentos na Rússia, enquanto sonha com um projeto envolvendo russos, chineses e brasileiros.


Na manhã do dia seguinte, 17 de maio, foi a vez do Savoy Hotel, quartel-general do Brasilinvest na reunião de Londres, onde o grupo do Brasilinvest reuniu-se para trocar experiências e falar de investimentos. O almoço foi num dos salões do Savoy, onde está um busto de Winston Churchill, lendário primeiro-ministro britânico que comandou a reação inglesa na II Guerra Mundial. Entre os presentes, o francês Marc Pietri, dono da Constructa, maior construtora da França, o presidente da fábrica de artigos esportivos Head, Johan Eliasch, e a americana Georgette Mosbacher, dona de um império de cosméticos (Borghese) e spas.


Na reunião, o sheik Khalifa (já citado) demonstra grande interesse em projetos como a construção de ferrovias no coração do Brasil, lançamento de bônus ecológicos e ecoresort na Amazônia, sociedade com o megainvestidor George Soros para atuar no mercado de securitização de recebíveis no Brasil, US$ 250 milhões em hotéis em Cuba, um complexo turístico/empresarial em Santa Catarina, etc. Não é só ele: Nicolas Berggruen, do grupo Alpha Investments and Management, dono de US$ 2,5 bilhões em caixa e de aplicações em setores de bebidas e de mídia, tomou informações sobre o mercado de televisão no Brasil. Berggruen, amigo de Jorge Paulo Lehman, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira - donos da Ambev -, foi o controlador do Media Capital, um dos maiores conglomerados de comunicação de Portugal. Não faltaram as figurinhas repetidas: David Tang, Mário Bernardo Garnero, filho do anfitrião, e George Bush.


Ainda não acabou. Falta falar do jantar de gala na Two Temple Place, uma mansão vitoriana de propriedade de Washe Manoukian, um armênio nacionalizado libanês, que está entre as maiores fortunas do mundo (US$ 4 bilhões) e cujas propriedades na Inglaterra só perdem em valor e quantidade para as da rainha. O jantar não foi menos ilustre em termos de freqüência: o príncipe árabe Turki Al Faisal, o presidente mundial do HSBC, John Bond, e até um Winston Churchill, neto do original, estavam presentes. Havia outros: Nemir Kirdar, banqueiro de origem iraquiana - do grupo Investcorp -, responsável pelo ressurgimento de ícones como Saks, Tiffany e Gucci e que tem US$ 2,7 bilhões investidos em empresas de vários continentes; além de John Major, ex-primeiro-ministro britânico. Fim dos três dias de business festival.


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