República Popular da China: 70 anos da revolução
- Leonardo Rocha
- 3 de out. de 2019
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A China é uma nação que ama vigorosamente a liberdade e possui uma grande e respeitosa tradição revolucionária. Em dezembro de 1939, Mao Tse-Tung (1893-1976) se expressava a cerca do revolucionarismo chinês usando o exemplo da dinastia Han: "A história dos Han, por exemplo, demonstra bem que os chineses jamais se submeteram a dominação das forças tenebrosas, pelo contrário, recorreram sempre a via revolucionária para derrubar e substituir as tiranias. Nos milhares de anos da história dos Han, houve centenas de grandes e pequenos levantamentos camponeses contra a tenebrosa dominação, exercida pelos senhores de terras e pela nobreza. A maioria das mudanças de dinastias resultou de tais levantamentos."

No dia 01/10/2019 comemora-se o 70° aniversário da revolução que resultou na construção da grande República Popular da China em 1949. Na Praça da Paz Celestial, mesmo local onde Mao proclamou a fundação da República Popular, o presidente Xi Jinping pronunciou em seu discurso: "Nada pode fazer com que os pilares da nossa grande nação sejam abalados. Nada pode impedir que a nação e o povo chinês avancem".
A revolução:
A sociedade se encontrava nas condições do colonialismo e do semi-feudalismo. Tal natureza do sistema sócio-econômico determinou, por consequência, tanto os alvos e tarefas da revolução como as respectivas forças motrizes da mesma.
Sendo os principais inimigos da revolução: o imperialismo e a classe dos senhores de terras feudais, estabeleceu-se como principal tarefa do processo revolucionário chinês, sem dúvida alguma, liquidar a opressão estrangeira por meio de uma revolução nacional e liquidar a opressão dos senhores feudais por meio de uma revolução democrática.
Em relação as forças motrizes, Mao pautava a questão da revolução de democracia nova:
" A revolução de democracia nova é muito diferente das revoluções democráticas da história da Europa e América, na medida em que não dá lugar a ditadura da burguesia, mas sim a ditadura da frente única de todas as classes revolucionárias, sob direção do proletariado. Na atual Guerra de Resistência, o poder político democrático anti-japonês, estabelecido nas bases de apoio dirigidas pelo Partido Comunista da China, é um poder político da Frente Única Nacional Anti-Japonesa; nem se trata duma ditadura exclusiva da burguesia nem duma ditadura exclusiva do proletariado, sendo sim a ditadura conjunta de todas as classes revolucionárias, sob direção do proletariado. Todos os que defendem a resistência ao Japão e são pela democracia têm o direito de intervir nesse poder político, não importa a sua afiliação partidária.".
"Assim, o papel do proletariado, campesinato e outros sectores da pequena burguesia na revolução democrático-burguesa da China não pode ser ignorado, nem em matéria de alinhamento das forças para a luta (frente única), nem em matéria de organização do poder de Estado. Quem tentar pôr de lado o proletariado, o campesinato e os outros sectores da pequena burguesia, ficará seguramente incapaz de resolver o problema dos destinos da nação chinesa, bem como todos os outros problemas da China. Na fase atual, a república democrática que a revolução chinesa pretende estabelecer será uma república democrática em que os operários, os camponeses e os demais sectores da pequena burguesia ocupam e desempenham todos o papel e a posição devidos. Por outras palavras, deve fundar-se uma república democrática baseada na aliança revolucionária dos operários, camponeses, pequena burguesia urbana e todos aqueles que sejam contra o imperialismo e o feudalismo. Tal república só poderá ser de todo realizada sob direção do proletariado.".
Resultou-se uma clara perspectiva que o produto desse processo revolucionário não seria o capitalismo, mas sim o socialismo e o comunismo, visto que o processo democrático da revolução chinesa não pertenceu ao velho tipo geral, mas sim ao novo tipo específico, a democracia nova. Além disso, ocorreu nas condições internacionais caracterizadas pela ascensão do socialismo e queda do capitalismo.
Mas era inevitável e de se esperar que, em uma China economicamente atrasada, que uma economia capitalista viesse se desenvolver, porém em certos limites, como resultado dessas condições. Não obstante, esse não é o quadro geral, visto o grande desenvolvimento dos fatores socialistas, como a importância crescente do proletariado e do Partido Comunista nas forças políticas do país, a aceitação da direção do proletariado e do Partido Comunista por parte das massas camponesas, dos intelectuais e da pequena burguesia urbana; o sector estatal da economia, pertença da república democrática, e o sector da economia cooperativa, pertença do povo trabalhador.
Todo esse processo não seria efetivado, a revolução não seria levada a vitória sem a construção do PCCh, um partido com caráter de grandes massas e bem consolidado em seus planos políticos, ideológicos e de organização. Isso mostra a grande importância da edificação de um partido revolucionário e da participação ativa no mesmo.
Leonardo Rocha
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