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Publicações e Posts

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A política e as suas circunstâncias, como essas manifestaram-se nas jornadas de Junho



Em junho de 2013, grupos autônomos aos partidos políticos tradicionais rebelaram-se em uma campanha de protestos, inicialmente localizados na cidade de São Paulo, dentro do círculo interno da política municipal, para questionar e ir contra os aumentos de tarifas nas passagens de ônibus.


Todo ciclo de políticas neodesenvolvimentistas dos governos do PT, tinham seus limites orçamentários, uma vez que um governo surgido organicamente de bases populares, que vinha com objetivos de políticas públicas de redução da pobreza no país se vê articulado a uma série de eventos esportivos internacionais, de grande porte, que atendiam economicamente a um lazer esportivo consumido pelas classes médias e estrangeiros com poder aquisitivo para fazer viagens ao Brasil.


Logo, a opção por medidas orçamentárias do Governo Federal e a federalização destas obras, com as descentralizações de investimentos estaduais levaram a uma série de investigações dos ministérios públicos estaduais que minaram a confiança dos executivos estaduais e federais, criando assim uma onda generalizada de anti – política, jamais vista na história da Nova República.


Os partidos de esquerda, mais à esquerda que o PT, que defendiam uma tradição política do socialismo no Brasil, esperavam o engrossamento das suas fileiras e oportunidades eleitorais conquistadas pelo direcionamento destes protestos, uma vez, que o povo brasileiro reafirmava a sua confiança no PT, em eleições vencidas desde 2002, contra o seu principal adversário, o PSDB.


A generalização das pautas deste movimento espontâneo começou apontar o problema da política, não uma política pública específica, um político ou políticos, mas permitiu uma metanarrativa da política ser o principal problema da política em si, vendo o poder do Estado, como o cerne negativo da questão.


“Neste contexto, surgem os Black Blocs brasileiros. Identificados com a tática de origem europeia, de corte anarquista, marcam uma presença intempestiva nas ruas. Anunciam-se como protetores dos manifestantes, destroem símbolos do capitalismo e do Estado, negam representações ou lideranças, enfrentam a polícia com paus, pedras e barricadas incendiadas –agora diante das câmeras da TV.” (VASCONSELOS, 2014, p. 45)


O protagonismo da fúria anarquista nos protestos, ao mesmo tempo que endossavam uma crítica a todo o tecido social e conjuntura política, não delimitava objetivamente aliados e adversários, protegia manifestantes da violência policial, mas obscurecia cada vez mais a visão de para onde os protestos conduzirão a vida pública do país.


“O ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, convocou, em novembro de 2013, os secretários estaduais da segurança pública de todo o país para delinear uma estratégia de contenção. As máscaras foram proibidas no Rio de Janeiro e desatou-se um processo de criminalização, com direito a propostas de leis antiterrorismo.” (Ibid, 2014 p.45)


O então ministro da justiça, José Eduardo Cardoso, bastante conhecido pelas suas colocações cívica, legalistas e republicanas acerca de tudo que o PT considerou abusos da Lava Jato, foi mais incisivo para com os manifestantes, federalizando assim uma política de segurança pública do Governo.


Leis antiterroristas contradiziam a história de um partido assentado em bases populares, não que o PT tenha rompido cartesianamente com elas, mas esse ano de 2013 foi importante para ressaltar contradições na política de limites econômicos de uma macroeconomia desenvolvimentista que, por meio do crescimento do bolo, decidia dividir as fatias, parafraseando Delfim Neto.


Porém, a escolha política de uma política externa mais assertiva levou ao equívoco de sediar jogos olímpicos e da Copa do Mundo, quando a receita aplicada poderia ampliar os êxitos das políticas sociais petistas, logo se vê que os protestos não foram contra o sucesso da política social do governo, mas pela falta daquilo que poderia ser ainda melhor.

Entre um reavivamento de uma tradição anarquista que só durou efetivamente entre os imigrantes italianos em São Paulo na década de 1920 e uma esquerda socialdemocrata acoplada ao governo federal, todas estas quebras de unidade levaram a uma brecha que dantes não existia, para uma mobilização social de direita, que via justamente nesse poder do Estado, um problema a ser enfrentado, porém pela via de um liberalismo pragmático e até de propostas mais ousadas de um liberalismo clássico.


O império da lei, privatizações, Estado mínimo e menor interferência do Estado unificavam uma centro direita, que do segundo mandato do governo Lula até o primeiro de Dilma foi base do seu governo, em uma espécie de união nacional que conciliava o crescimento da burguesia interna com políticas intervencionistas com a criação de uma demanda agregada por meio de uma política de distribuição de renda através de políticas assistenciais.

A centro-direita precisava beber da fonte da liderança carismática de Lula para sobreviver e se desvincular dessa imagem em aventuras tucanas eleitorais, que logo encontravam-se frustradas pelo ressentimento dos trágicos governos de Fenando Henrique Cardoso que levou a caos econômicos do apagão energético, congelamento de salários e medidas draconianas anti-inflacionárias.


Inclusive este realinhamento eleitoral de uma direita que perdeu o medo de se dizer liberal, que vai criar todo um ethos político de liberalização da economia é uma das fontes de explicação da perda da base de apoio da Presidenta Dilma Roussef em 2016, cujos os choques intrapartidários desta frente ampla começa justamente na crise de direção de uma frente unificada de esquerda em 2013, que não reconhecia os seus projetos unificados em uma agenda desenvolvimentista, e sonhou sem um nível administrativo de organização política em um vislumbre socialista diluído em apostas na espontaneidade das manifestações, que de tão difusas cabiam todos as reivindicações, inclusive de funcionários do sistema bancário, das categorias administrativas dos setores médios que sonhavam em uma reedição das políticas macroeconômicas da década de 1990

 
 
 

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