Antipetismo - Considerações e Limites
- João Paulo Antonini
- 1 de out. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de out. de 2018

O Partido dos Trabalhadores (PT) é o maior partido de esquerda da América Latina, mas mostraremos outras coisas.
Responsável por grandes evoluções sociais no Brasil, foi o único partido pós Getúlio e fora do eixo conservador a alcançar o poder em nosso país e colocar o pobre como pauta principal nos ditames econômicos e sociais de seus governos.
Com Luis Inácio Lula da Silva, eleito em 2002, o PT quebrou um ciclo hegemônico das elites nacionais, inseriu pessoas até então alheias ao sistema de consumo e otimizou/criou renda para milhões de famílias. Favorecido por um ambiente estrangeiro propício ao crescimento, quando um barril de petróleo podia ser vendido a cerca de US$120,00 todas essas reformas foram possíveis. Superávits absurdos, lucros astronômicos, modificações estruturais positivas, mas escândalos de corrupção tão grandes quanto essas mudanças.
Neste universo, ventilarei as asperezas dos governos petistas, criadas por pessoas ligadas ao partido, por quadrilhas que já vinham organizadas e por adaptações feitas para não coibir os favorecimentos de certos grupos. Assim, seguem-se os motes protagonizados por Waldomiro Diniz e Carlinhos Cachoeira; o esquema conhecido como "Mensalão", chefiado por Delúbio Soares e Marcos Valério; as mesadas do Palocci; as prisões de Genoíno, Delúbio e Dirceu (chacras do partido); a queda injusta da Presidenta Dilma; a Operação Lava Jato com as prisões de João Vaccari Neto, João Santana e Delcídio e, por último e com maior destaque, a prisão contestável do ex-Presidente, fundador do PT e responsável pelos elogios acima, o Lula.

Isto posto, numa contextualização entre cada um desses casos, criou-se um joguete midiático em torno da má gerência petista à coisa pública, fomentando o ódio da população ao partido, de uma forma e cega, sem levar o povo à reflexão e ao aprendizado do que acontecia para que pudéssemos, democraticamente, buscar uma solução. Neste cenário surge o sentimento batizado como "antipetismo".
O antipetismo nada mais é que a repulsa ao Partido dos Trabalhadores, bem como o ódio ariano aos seus membros e ao projeto de poder que eles representam. Fomentado há anos, tem fabricado coisas e pessoas, dentre elas as continuadas manifestações feitas por categorias mais abastadas da sociedade, o Inominável e seus Bolsokids.
O ódio ao PT se alastrou pelas demais camadas da nossa população, papel esse tomado para si pela Rede Globo como seu principal vetor. Atingiu as bases que sustentavam o partido e foi traduzido da seguinte maneira: o PT é A Esquerda e a Esquerda é corrupta. Num país conservador e pouco instruído politicamente, isso é fogo num tonel de pólvora.

Criada esta intemperança em torno de toda a esquerda, nosso povo vem sendo induzido a proliferar essa máxima maldita e mentirosa e, por ocorrência disso, grande parte dele não consegue mais confiar em qualquer candidato progressista que se apresente como alternativa, sendo esse imediatamente vinculado ao Partido dos Trabalhadores, de qualquer forma, até mesmo sem ser membro dele.
Essas dissidências são induções da grande mídia, dos partidos centrais da direita e de organizações estrangeiras para que a esquerda brasileira não volte ao Planalto. O PT carrega em suas costas um trabalho bonito e milhões de pessoas que saíram da extrema pobreza, mas, em suas mãos, leva uma bandeja cheia de canapés podres para alimentar as festas da burguesia.
Saibamos separar o joio do trigo, para compreendermos o momento do partido e ficarmos prontos para o que for preciso.
Combater o antipetismo é necessário para que toda a esquerda não seja comprometida pela raiva, mas a crítica deve ser feita e as roupas lavadas.
João Paulo Antonini
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