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Primeira Guerra Chechena


Imagem 01: Soldado russo toca piano abandonado na Chechênia.

Fonte: O mundo como ele é.


Texto por: Guilherme Melo


Observações preliminares:


A primeira metade dos anos 1990 foram cruciais para o ressurgimento de um fenômeno do século XVIII, por meio da Revolução Francesa, os movimentos nacionais, soberanistas, independentistas no leste europeu por conta do fim da União Soviética, se esse é um assunto palatável para economistas do meio mainstream, é muito ignorado na sua faceta política.


A complexidade epistêmica do assunto que envolve a genealogia, genética, antropologia física e humana, somada com todos os demais conceitos da geografia física e política, ciência política e história é por vezes substituída por resumos negligentes que citam superficialmente uma transição formal da URSS para a CEI.


Este recorte teórico, esconde por detrás da ideologia inerente ao seu raciocínio, que invés do fim da URSS retomar um possível otimismo do iluminismo, que encara a história por meio de uma óptica de esclarecimento benévolo e otimista, um fatalismo, de novas guerras entre poderes estatais, milícias e terroristas pela definição das fronteiras, que nunca são devidamente explicados pelos mesmos meios que citaram o fim da URSS como um sucesso inexplicável, ao menos incompreensível na sua dinâmica geopolítica.


Contexto da guerra:


Em 1990 foi criado o “Congresso Nacional de Toda a Nação Chechena”, antes mesmo do fim da União Soviética, o objetivo era deliberar iniciativas que pudessem fornecer caminhos para uma saída do país das Repúblicas Soviéticas e afirmar-se como um Estado nacional e independente.


Dzhoker Dudayev, general da Força Aérea Soviética, era o líder do Congresso, na segunda sessão do evento, a 8 de Junho de 1991, Dudayev proclamava a República Chechena da Ichkeria, Dudayev e os seus apoiadores tomaram de assalto o edifício do Soviete Supremo da Chechénia, e após o fim da URSS, anunciaram a saída da Federação Russa.


A eleição de Dzhoker Dudayev para a presidência da nova república não é reconhecida pela Rússia, este reconhecimento da ilegalidade do movimento separatista põe o problema da guerra por uma questão de tempo, de quando as duas repúblicas enfrentaram-se.


Enxergando-se como um povo de uma nação, os chechenos organizaram o seu exército, como as Forças Armadas do novo Estado, enquanto os novos povos que surgiam com base em um sentimento de pertencimento a um passado ancestral, a Federação Russa sofria uma crise de identidade.


Essa crise social, transformava-se em crise política, acontecia aquilo que Maquiavel acusava contra o líder que não era o Príncipe, a desordem dos ministérios, em meio ao caos que foi o governo de Boris Iéltsin, em junho de 1992, o Ministro da Defesa da Rússia, Pavel Grachev ordena que armas sejam enviadas para a Chechênia.


Não havia o que ser feito, a Rússia estava derrotada, não havia recursos suficientes para uma nova guerra, o país vizinho tornou-se materialmente independente, ainda que juridicamente não o fosse, a Rússia não concedera a concessão de reconhecer o novo território como um país.


Nesse sentido, Iéltsin seguiu uma recomendação maquiavélica, demonstrar força, ainda que estivesse fraco e não fazer grandes concessões ao inimigo, “A república tinha os símbolos de um Estado, uma bandeira, um brasão e um hino; e os órgãos de poder: um Presidente, Parlamento e tribunais. (Dugin, 2016, p.53)


O Presidente da Chechênia cortou as contribuições de impostos para a Rússia e proibiu que oficiais e servidores públicos da Rússia realizassem qualquer tipo de serviço ou inspeção no país, estava ai sendo realizada a fragmentação da Rússia em várias Repúblicas.


“A partir do Verão de 1994, operações de combate começaram entre tropas leais a Dudayev e forças do oposicionista Soviete Provisório, que tinham tomado uma posição pró-russa.” (Dugin, 2016, p.53), este será o ano em que encerra-se o período pré-guerra, onde múltiplas soberanias disputavam o mesmo território, chegaria a guerra mais cedo ou mais tarde.


A Guerra:

A oposição russa na Chechênia não tinha condições de manter um regime político que integrasse as duas Repúblicas, por isso no inverno de 1994 a guerra começará, no dia 11, Boris Iéltsin assina o Decreto N0 2169, o decreto previa a “Segurança Geral nos Territórios da República da Chechênia”.


A primeira campanha foi de destruição da infraestrutura aeronáutica da nova república, os aviões da Força Aérea Russa atacaram os aeródromos de Kalinovskaya e Khalanka e destruiu todos os aviões da aeronáutica do país, em 31 de Dezembro de 1994 começou o assalto a Grónsia, capital da Chechênia.


Ela só foi conquistada em 6 de março de 1995, mais demorado que o planejado pelos russos, depois da conquista da capital, o exército dos insurgentes se dissolveu e os dissidentes destes tornaram-se guerrilheiros, em abril de 1995, os russos já ocupavam quase o todo da Chechênia.


Em 6 de março de 1996, combatentes de Dzhoker Dudayev atacaram a Grósnia, mas não foram capazes de toma-las, a 21 de abril, após o trabalho de investigação e busca, as tropas federais eliminaram Dzhokher Dudayev com um míssil, em 6 de agosto de 1996, os separatistas tomaram a Chechênia novamente.


No dia 31 de agosto, foram assinados os acordos de trégua, Alexander Lebed, Presidente do Conselho de Segurança e Aslan Maskhadov, presidente da Chechênia, ficou acordado que as tropas russas sairiam integralmente do país, esta negociação resultou no reconhecimento de ambos os países simultaneamente.


Foi um trabalho diplomático que resultou no tratado de Khasavyurt que foi concluído na Segunda Campanha Chechena em 1999, quando ela passou a existir pela segunda vez dentro de um governo independente de Moscou, o segundo conflito durou até 2009, quando o país volta a ser uma República da Federação russa.


O conflito testou a tenacidade e a resiliência do Estado russo em absorver os impactos da crise geopolítica gerada pelos anos 1980 que poria fim na União Soviética, longe de se limitar a uma crise fiscal, o período pós soviético demonstrou ser muito flexível, abrangendo inúmeros problemas, sejam eles de intolerância religiosa, étnica e em guerras em nome dessas diferenças.


Referência bibliográfica


Geopolítica da Rússia Contemporânea por Aleksandr Dugin IAEGCA Instituto de Altos Estudos em Geopolítica & Ciências Auxiliares Lisboa, 2016, p.53.

 
 
 

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