Recife, capital com mais mortes por covid-19 em razão da desigualdade social. Por Pedro Josephi
- Bruno Lima
- 12 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
A pesquisa do Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), feita em 26 capitais, e divulgada na semana passada demonstrou que Recife, juntamente com Belém, é a capital com maior índice de desigualdade social no Brasil. O estudo demonstra, ainda, que onde há maior desigualdade social há mais vítimas fatais em razão do coronavírus.

A pandemia apenas escancarou essa grave mazela presente em nosso município. Cidades com menor concentração de renda, por exemplo, possuem baixa taxa de mortalidade por conta do covid19. Além do Recife ter historicamente um baixo número de leitos de UTI, cerca de 30 vezes menos do que o recomendado pela OMS para cada 10 mil habitantes, a falta de uma mobilidade urbana integrada e segura também é um fator determinante para a desigualdade social e para o número de mortes.
Diversas pessoas, como apontam os dados coletados pelo ICS, não conseguiram ter acesso à rede de saúde em razão da deficiência no transporte coletivo e na mobilidade urbana, e acabaram morrendo sem os devidos cuidados.
As dificuldades para quem precisa se locomover, sobretudo a população mais carente, na cidade são um entrave para o direito à saúde, à educação ou até mesmo a procura por empregos, nos colocando como campeões da desigualdade social. É o que indica a pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo ITDP Brasil. Os dados apontam que a tendência histórica de concentração de atividades em áreas centrais e o espraiamento da população nas maiores cidades brasileiras contribui para a desigualdade, especialmente nos grupos de baixa renda, levados a morar em regiões com menos desenvolvimento econômico e menos servidas de infraestrutura e serviços de transporte.
A nossa amada cidade ainda tem o pior trânsito do Brasil e o 10º pior do mundo, segundo o ranking “Traffic Index”, feito pela empresa de GPS Tomtom, além de ser uma das regiões metropolitanas onde mais se espera por ônibus nas paradas e terminais. Sem falar o tempo gasto nas viagens dentro do transporte público.
Diante de todo esse cenário, choca o fato de Recife não ter construído um Plano de Mobilidade Urbana, como determina a Lei Federal 12.587 de 2012. Ou seja, estamos a décadas sem planejamento para mobilidade urbana e a pandemia só escancarou os impactos disto na vida das pessoas.
*Pedro Josephi é advogado e coordenador da Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco
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